Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

que, mais recentemente, o mesmo grupo de procuradores que se debruçava sobre os e-
mails da Odebrecht teve acesso a uma parte ainda desconhecida dos registros da
central de pagamentos de propina da OAS. Lá estavam registrados, com todas as
letras, o pagamento de uma pequena obra na casa de Toffoli e os repasses para o irmão
do ministro – uma parte, inclusive, via caixa dois. Diante das novas evidências, os
procuradores pediram que Aras solicitasse ao Supremo o desarquivamento do
procedimento que Dodge mandara para a gaveta e, além disso, incluísse o próprio
Toffoli na investigação, por supostamente ter recebido vantagem indevida do
presidente da OAS.


Toffoli é parte integrante da suposta trama relacionada à doação ao irmão dele. Em
sua delação, Léo Pinheiro contou que, durante um jantar no restaurante Piantela, em
Brasília, ouviu de José Ticiano Dias Toffoli e de um aliado político dele em Marília um
pedido: eles queriam 1 milhão de reais para “comprar” a renúncia do então prefeito da
cidade, Mário Bulgarelli. José Ticiano era o vice e queria assumir o posto. O ministro
Dias Toffoli esteve no jantar, mas segundo Léo Pinheiro deixou o restaurante antes de
o pedido de dinheiro ser feito. O empreiteiro relatou ainda o repasse de 1,5 milhão de
reais à campanha de José Ticiano. Em contrapartida, o irmão do ministro garantiria à
OAS um contrato milionário – o que de fato acabou acontecendo – para a construção
do sistema de saneamento do município, uma obra realizada com recursos federais
que o próprio José Antonio Dias Toffoli havia ajudado a liberar, durante o governo do
PT.


Na contabilidade paralela da empreiteira, os procuradores encontraram o registro do
repasse do dinheiro, confirmando o relato de Léo Pinheiro. Só que havia mais. Em
meio às planilhas, havia a anotação de uma despesa de 15 mil reais em valor líquido (e
18.750 brutos). Logo abaixo dos códigos que mostram quem autorizou o pagamento –
em última instância, foi o próprio Léo Pinheiro –, há uma anotação: “reforma casa
Dias Toffoli” (imagem acima). Ao propor a reabertura da apuração, os investigadores

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