Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

observam haver “robustos indícios” de que a OAS custeou a obra na residência do
ministro. Embora no depoimento prestado na delação Léo Pinheiro tivesse dito que
não mantinha relação de amizade com Toffoli, outros arquivos reunidos pela equipe da
Lava Jato apontam para o sentido oposto. Há evidências, inclusive, de que os dois se
encontraram com alguma regularidade entre os anos de 2010 e 2013. Foram pelo
menos dez encontros. Alguns deles, na casa de Toffoli.


Há nos registros encontrados na agenda do empreiteiro um dado curioso: três
encontros ocorreram em um apartamento da Asa Sul de Brasília que, segundo os
procuradores, está registrado em nome de uma assessora de Toffoli desde os tempos
da AGU. Ela trabalha hoje no gabinete do ministro no STF. Os investigadores
demonstram estranhamento com a descoberta: por que, afinal, as reuniões aconteciam
na casa de uma auxiliar do ministro? No pedido para reabrir a apuração, eles listam
mensagens já conhecidas capturadas em aplicativos do telefone de Léo Pinheiro com
menção a Toffoli. “Todo esse conjunto de mensagens reforça a existência de uma
relação perene entre Toffoli e Léo Pinheiro”, pontuaram.


Adriano Machado/Crusoé

Newman, o assessor de Toffoli: ponte com Léo Pinheiro, segundo os
procuradores

Além de interagir com o próprio ministro, o empreiteiro também mantinha contatos
frequentes com Ricardo Newman de Oliveira, outro funcionário da estrita confiança de
Toffoli no Supremo. De 2012 a 2014, registra um dos documentos, eles trocaram 106
ligações. Newman é um personagem conhecido dos leitores de Crusoé. Ele apareceu
em uma reportagem publicada ainda em 2018 sobre transferências mensais de
dinheiro que o escritório da mulher de Toffoli, a advogada Roberta Rangel, fazia para o
ministro – o assessor tinha procuração para movimentar as contas. Os procuradores
afirmam que coube a Newman tratar com Léo Pinheiro da obra na casa de Toffoli.

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