serem transformados em anexos. Ainda em 2019, a primeira versão da proposta de
acordo foi entregue. Em paralelo, a Lava Jato analisava os contratos assinados por
Diniz, pesquisava os processos judiciais na Fecomércio e quebrava sigilos bancários e
fiscais de escritórios de advocacia a fim de entender a teia de transações financeiras.
Em junho de 2020, quando o acordo foi selado e homologado pelo juiz Marcelo Bretas,
os investigadores tinham o mapa dos caminhos que, enfim, levariam a Lava Jato para
dentro do Judiciário. Por meio das revelações de Diniz e do material amealhado na
investigação, foi possível detalhar uma velha prática conhecida — mas nunca
investigada nesse nível — sobre como se dão as relações nada ortodoxas entre
poderosos enrolados na Justiça, advogados e integrantes do Judiciário.
Na delação, Diniz é taxativo: os pagamentos milionários visavam à perpetuação no
poder da Fecomércio. Para obter influência política sobre ministros do STJ, onde
corriam processos contra ele, o ex-presidente da entidade contratou escritórios
próximos a magistrados, como o de Eduardo Martins. “Não à toa, os integrantes do
núcleo duro da organização criminosa (valeram-se), para tanto, de fraudulentos
contratos de honorários advocatícios como forma de remunerar, a preços vultosos,
Eduardo Martins, não pela prestação dessa espécie de serviços, mas sim por uma
pretensa e propalada influência sua no Superior Tribunal de Justiça, derivada de sua
relação filial com o ministro desta Corte Superior, Humberto Martins”, diz o MPF, ao
denunciar o advogado.
Pedro Ladeira/FolhapressAdvogado de Lula, Cristiano Zanin é apontado como integrante do núcleo duro
da organização criminosaA mesma situação se repetiu no Tribunal de Contas da União, que também
questionava os gastos da gestão Diniz. Por indicação do casal Sérgio Cabral e Adriana
Ancelmo, a Fecomércio desembolsou 13 milhões de reais para contratar Tiago Cedraz,