Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz. De acordo com Diniz, a contratação não tinha
por objetivo qualquer tipo de assistência técnica nos processos, mas a “compra da
solução no TCU”.


Além de explicar os motivos das contratações, Diniz detalhou no seu acordo como se
deu a arquitetura do esquema que desviou 151 milhões de reais da Fecomércio e do
Sistema S – o valor, diz o MPF, refere-se apenas ao que já foi confirmado, mas pode
alcançar 355 milhões de reais. É quando entram em cena o advogado Roberto Teixeira
e seu sócio Cristiano Zanin – a dupla foi denunciada por receber 68 milhões da
Fecomércio. Os advogados de Lula foram apresentados a Diniz em 2012 pelo advogado
Fernando Hargreaves. Na delação, o ex-presidente da Fecomércio-RJ narra um
encontro no bar da piscina do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Segundo o MPF,
para tentar estancar uma fiscalização na Fecomércio dirigida por Carlos Gabas,
conselheiro fiscal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
e ex-ministro da Previdência dos governos do PT, Teixeira cobrou 10 milhões de reais,
exigindo que 1 milhão de reais fosse entregue em espécie e que o contrato fosse feito
em nome de Diniz e não da Fecomércio.


De acordo com a denúncia, a partir do momento em que estreitaram a relação com
Diniz, tanto Teixeira quanto Zanin passaram a comandar todas as contratações de
advogados. Ao longo do período em que o esquema atuou, entre 2012 e 2016, a dupla
integrou o “núcleo duro” do grupo que escoou milhões para os escritórios que fizeram
a ponte entre a Fecomércio e as cortes superiores de Brasília. De acordo com a
denúncia, Zanin teria intermediado a contratação de bancas de advocacia para
influenciar decisões e corromper agentes públicos em processos no TCU e no STJ. O
MPF imputa a Zanin, inclusive, a responsabilidade pela contratação de Eduardo
Martins, filho do presidente do STJ. O objetivo seria o de “influir em atos praticados
por ministros do Superior Tribunal de Justiça.” Um auditor de controle externo do
TCU também teria recebido da dupla Teixeira-Zanin propina de 827 mil reais, para
criar facilidades na corte. Todos os denunciados têm milhões de motivos para não
gostar mesmo da Lava Jato – e os brasileiros honestos têm muita razão para continuar
querendo uma Lava Toga.


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