Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

2018, na esteira do furdúncio interno decorrente das investigações. Adriano é
apontado por Marcelo como aliado do pai dele, Emílio Odebrecht, e do cunhado,
Maurício Ferro – hoje, ele trata os dois como inimigos figadais dentro do grupo.


Os e-mails reunidos pelos procuradores mostram que Marcelo Odebrecht cobrava com
frequência que Adriano Maia se mantivesse próximo a Toffoli, seja diretamente, seja
por meio dos tais intermediários, os advogados Sérgio Renault e Luiz Tarcísio Teixeira
Ferreira. Renault chegou a ocupar postos de confiança no governo durante a era
petista. Foi assessor de assuntos jurídicos da Casa Civil e também secretário de
reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, a convite do então ministro Márcio
Thomaz Bastos. Luiz Tarcísio, também próximo ao PT, trabalhou na gestão de Marta
Suplicy na prefeitura de São Paulo. Foi no apartamento de Luiz Tarcísio, na capital
paulista, que Marcelo Odebrecht teve um dos encontros pessoais com Toffoli – o outro
foi na casa do ministro. Em ambos, segundo o empreiteiro, Adriano Maia estava
presente. Marcelo Odebrecht queria que Adriano cuidasse de manter viva a relação, até
para não sobrecarregá-lo. Ele fazia questão de cobrar isso rotineiramente. “Me
encontrei em um jantar esta 5ª com Toffoli e ficamos de marcar um encontro. Você
conseguiu manter contato?”, escreveu Marcelo a Adriano Maia em abril de 2013 – o
ministro havia sido empossado no Supremo quatro anos antes. Adriano responde
assim, com a observação de que os antigos intermediários seguiam disponíveis:
“Marcelo, desde que ele se tornou ministro do Supremo, não. Meu contato se dava
através de Renault e Tarcísio, com quem sempre podemos contar para reavivá-lo (eles
sempre mencionam isso)”.


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Em outubro do ano seguinte, ao ser alertado sobre um assunto de interesse da
empreiteira que guardava relação com o Supremo, Marcelo voltou a cobrar: “Temos
mantido a relação?”. “Desde que assumiu nova posição adotou postura muito
cautelosa no contato conosco, direcionando eventuais demandas a intermediários”,
devolveu Adriano Maia.


Em setembro de 2009, dias após Toffoli ser escolhido por Lula para ocupar uma vaga
no Supremo, Marcelo Odebrecht e Adriano Maia se articulam para ajudar no processo
de aprovação do ministro pelo Senado. Onze dias antes da sabatina, Marcelo escreve:
“Temos que ver como promover uns encontros reservados de T com alguns amigos da
casa de cima de CMF. Eles e nós podemos ter com isto um aliado no futuro”. CMF é
Cláudio Melo Filho, um dos lobistas mais atuantes da Odebrecht em Brasília,
especialmente no Congresso Nacional. Cláudio Melo está copiado no e-mail. Adriano,
que tinha a incumbência de fazer a ponte, diz: “Checarei interesse do t e falo com
claudio”. O próprio Marcelo se coloca à disposição para ajudar. “Me avisem se

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