O Dia (2020-09-14)

(Antfer) #1

Conheça os principais desafios de quem assumir a cidade e os nomes que brigam pela prefeitura


E


m tempos de covid-19, não há
como iniciar o perfil da Cidade
do Rio sem falar logo na área
de Saúde. Quem assumir o co-
mando da prefeitura em 2021 - ou
reassumir, no caso do prefeito Mar-
celo Crivella, candidato à reeleição -,
vai se deparar com a capital fluminen-
se envolta em crises.
De janeiro de 2017 até o mesmo pe-
ríodo de 2020 foram fechados 4.
postos de trabalho na área da Saúde no
município. São agentes comunitários,
médicos da família e comunidade, téc-
nicos/auxiliares de enfermagem, mé-
dicos pediatras, fisioterapeutas e en-
fermeiros de saúde da família, entre
outros, todos lotados em clínicas da
família, centros municipais e unida-
des básicas. Os dados são do Ministé-
rio da Saúde - Cadastro Nacional dos
Estabelecimentos de Saúde do Brasil
(CNES). Isso sem contar a pandemia,
que matou mais de 10 mil cariocas, in-
fectou mais de 95 mil pessoas e tornou
o cenário ainda mais caótico.

GARGALO DOS TRANSPORTES
No quesito mobilidade urbana, a pró-
xima autoridade máxima do municí-
pio precisará dar uma solução para
as diversas linhas de ônibus que de-
sapareceram ou reduziram sua frota,
sobretudo durante a pandemia. De
acordo com a Secretaria Municipal

BENEDITA DA SILVA
(PT)


GLÓRIA HELOIZA
(PSC)


CLARISSA GAROTINHO
(PROS)

HUGO LEAL
(PSD)

CRISTIANE BRASIL
(PTB)

LUIZ LIMA
(PSL)

CYRO GARCIA
(PSTU)

MARCELO CRIVELLA
(REPUBLICANOS)

EDUARDO B. DE MELLO
(REDE)

MARTHA ROCHA
(PDT)

EDUARDO PAES
(DEM)

PAULO MESSINA
(MDB)

ENFERMEIRA REJANE
(PCDOB)

RENATA SOUZA
(PSOL)

FRED LUZ
(NOVO)

SUÊD HAIDAR
(PMB)

RIO, UMA CIDADE LONGE


DE SER MARAVILHOSA


de Transportes, em pouco mais de
um mês, a pasta recebeu reclamações
sobre 128 linhas convencionais por
inoperância e circulação de frota in-
ferior ao permitido, desencadeando
ações que resultaram em 139 autos
de infração. O número de serviços
denunciados corresponde a 18% do
total de linhas cadastradas na pas-
ta. Uma das áreas mais afetadas é a
Zona Oeste, onde a população sofre
há anos com o descaso de empresas
e autoridades. A questão da clima-
tização da frota de ônibus da cidade
é outro imbróglio que precisará en-
trar na pauta do titular do Executivo
municipal.

HABITAÇÃO E CIDADANIA
Outra providência que precisará
ser tomada é em relação ao avanço
de moradias irregulares, bem como
ocupação indevida de vias públicas
e de áreas de proteção ambiental. O
abandono também acontece com a
população em situação de rua, que
cresceu exponencialmente e está
mais desassistida.
É com tudo isso em mente que o ca-
rioca vai, entre os dias 15 e 29 de no-
vembro, escolher a pessoa que gover-
nará a cidade do Rio pelos próximos
quatro anos. Entre as opções de candi-
datos e candidatas aparecem dezesseis
nomes. Confira cada um deles aqui.

Pré-candidata pelo
Partido dos Trabalha-
dores à Prefeitura do
Rio, Benedita da Silva
é servidora pública,
professora, assisten-
te social e auxiliar de
enfermagem. Foi a 59ª
governadora do Rio de
Janeiro, primeira sena-
dora negra do Brasil e
atualmente é deputada
federal. Benedita tam-
bém é ativista política
do movimento negro e
feminista.


De 1996 até março deste
ano, Glória Heloiza atuou
como juíza e passou por
diversos juizados. Há
cinco anos era titular da
2ª Vara da Infância, da
Juventude e do Idoso da
capital. Em março des-
te ano, ela se afastou
formalmente da magis-
tratura para disputar a
Prefeitura do Rio pelo
Partido Social Cristão
(PSC) — mesmo partido
do governador afastado
do Rio, Wilson Witzel.


A deputada federal Cla-
rissa Garotinho (PROS
-RJ) foi confirmada na
convenção do partido,
no sábado, como candi-
data da legenda. A par-
lamentar vai se licenciar
da presidência do dire-
tório estadual enquanto
durar a campanha. Ela é
filha dos ex-governado-
res Anthony Garotinho
e Rosinha Garotinho e
irmã do também depu-
tado federal Wladimir
Garotinho (PSD-RJ).

Hugo Leal é advogado,
compositor e economis-
ta. Atualmente filiado
ao Partido Social De-
mocrático. Também é
deputado federal desde


  1. Natural de Ouro
    Fino, em Minas Gerais,
    Leal foi presidente do
    Detran entre 2003 e
    2005 e está no quarto
    mandato na Câmara
    dos Deputados. Ele foi
    também secretário de
    Administração e Refor-
    ma do Estado.


Pré-candidata, a ex-de-
putada federal Cristiane
Brasil (PTB-RJ) teve a
prisão preventiva decre-
tada em operação que
apura desvios de até R$
30 milhões no governo
do Rio e na prefeitura da
capital. Advogada, Cris-
tiane usou o Twitter para
dizer ser vítima de “per-
seguição política”. Em
2018, foi nomeada mi-
nistra do Trabalho no go-
verno Temer (MDB), mas
teve a posse suspensa.

Em convenção virtual,
a executiva municipal
do Partido Social Liberal
(PSL-RJ) definiu, no sá-
bado, o nome do depu-
tado federal Luiz Lima
para disputar a Prefei-
tura do Rio. A advogada
Flávia Ribeiro dos Santos
será sua vice. Apesar de
bolsonarista, o ex-na-
dador está vetado, pelo
próprio presidente, de
usar o nome ou a ima-
gem de Jair Bolsonaro na
campanha.

Foi oficializado candida-
to do PSTU no dia 5. Esta
é quinta vez que Cyro
Garcia tenta conquistar
a vaga de prefeito do Rio.
Bancário aposentado e
professor universitário,
militante no movimen-
to sindical e socialista
desde a década de 1970,
participou da fundação
do PT e da CUT. Foi diri-
gente do Sindicato dos
Bancários do Rio e é pre-
sidente do diretório es-
tadual do PSTU no Rio.

Marcelo Crivella é enge-
nheiro, filiado ao Republi-
canos e atual prefeito do
Rio de Janeiro, cargo que
ocupa desde janeiro de


  1. Bispo licenciado da
    Igreja Universal, foi elei-
    to senador pela primei-
    ra vez em 2002, reeleito
    em 2010 e foi ministro da
    Pesca entre 2012 e 2014
    no Governo Dilma. Na úl-
    tima quinta-feira, dia 10,
    foi alvo de uma ação do
    MP-RJ, que investiga cor-
    rupção na prefeitura.


Administrador, Eduardo
Bandeira de Mello tra-
balhou por 36 anos no
BNDES, onde foi chefe
do Departamento do
Meio Ambiente. Entre
2013 e 2018, ele foi presi-
dente do Flamengo. Saiu
candidato a deputado
federal nas eleições de
2018, mas não se elegeu.
É o pré-candidato pela
Rede. A legenda chegou
a discutir com o PDT, de
Martha Rocha, a compo-
sição de uma chapa.

Delegada por 30 anos
e a primeira mulher a
chefiar a Polícia Civil do
Rio, a deputada estadual
Martha Rocha (PDT) foi
presidente das comis-
sões de Saúde e Segu-
rança Pública na Alerj.
Em 2019, atuou na CPI
do Feminicídio. Ela é pré-
candidata à Prefeitura
do Rio pelo PDT. A legen-
da chegou a discutir com
a Rede, de Eduardo Ban-
deira de Mello, a compo-
sição de uma chapa.

Filiado ao Democratas,
Eduardo Paes foi prefeito
do Rio de 2009 até 2017.
Concorreu ao governo do
Rio em 2018, mas perdeu
para Wilson Witzel (PSC).
Na última terça-feira, foi
alvo de uma ação do MP
-RJ, que o tornou réu sob
a acusação de corrupção,
lavagem de dinheiro e fal-
sidade ideológica. Eduar-
do Paes acusa adversá-
rios políticos de tentarem
prejudicá-lo às vésperas
das eleições.

Pré-candidato à Prefei-
tura do Rio pelo MDB,
Paulo Messina mate-
mático, professor e pós-
graduado em Educação
Matemática. Em seu ter-
ceiro mandato como ve-
reador do Rio, Messina é
presidente da Comissão
de Educação e Cultura
da Câmara Municipal.
Ex-homem forte da Pre-
feitura do Rio, Messina
atualmente está rompi-
do com o prefeito Marce-
lo Crivella.

Rejane de Almeida, mais
conhecida como Enfer-
meira Rejane, é a aposta
do PCdoB para a disputa
pela Prefeitura do Rio nas
eleições deste ano. For-
mada em Enfermagem
pela Escola Ana Nery da
UFRJ, é deputada esta-
dual em seu terceiro man-
dato. Ela teve o nome
aprovado no lugar do
ex-ministro Brizola Neto,
que teve sua candidatura
retirada por conta de uma
decisão do TRE-RJ.

Nascida e criada na Maré,
Zona Norte do Rio, Rena-
ta Souza é jornalista e
feminista negra. Eleita
deputada estadual em
2018, ela é a candidata
à Prefeitura do Rio pelo
PSOL. Em 2016, atuou
como chefe de gabine-
te da vereadora Marielle
Franco, assassinada em


  1. O vice dela será Ibis
    Pereira, coronel reforma-
    do da PM-RJ (Polícia Mi-
    litar do Rio) filiado ao
    PSOL há dois anos.


Engenheiro e empresá-
rio, Fred Luz é o pré-can-
didato a prefeito do Rio
de Janeiro pelo Partido
Novo. Com passagens
em empresas como Pe-
trobras e Lojas Ameri-
canas, ele foi sócio em
marcas como Richards
e Salinas. Atuou como
diretor-geral do Flamen-
go entre 2014 e 2018. Em
2018, participou da equi-
pe de transição do gover-
nador de Minas Gerais,
Zema (Novo).

O Partido da Mulher
Brasileira (PMB) ofi-
cializou, no sábado, o
nome de Suêd Haidar.
Presidente nacional e
fundadora do partido,
é a primeira vez que ela
vai tentar uma vaga em
cargo executivo. A can-
didata a vice na chapa é
Jessica Rabello Guima-
rães. Suêd, de 61 anos,
nasceu em São Luiz
Gonzaga, no Maranhão,
e se mudou para o Rio
de Janeiro em 1977.

Retrato da Saúde no Rio: redução do quadro de funcionários e população sofrendo à míngua

CLÉBER MENDES

O DIA I SEGUNDA-FEIRA, 14. 9. 2020 3


.
Free download pdf