Clipping Banco Central (2020-09-15)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

quem pode retornar ao mercado de trabalho.


O perito médico pode atualmente deixar de afirmar se a
deficiência tem caráter de longo prazo, em casos
inconclusivos, o que abre caminho para conceder
benefícios a quem tem condições reversíveis no curto
prazo.


Por isso, a revisão encerraria os pagamentos a quem
tem condições de voltar ao trabalho. Os técnicos
argumentam que a lei já prevê revisão acada dois anos
nos benefícios, mas que isso só foi feito uma única vez
no caso dos deficientes.


Na visão do governo, a concessão do BPC tem caráter
temporário e não gera direito adquirido. Por isso, afirma
que as medidas têm amparo legal.


De acordo com os cálculos dos técnicos, a revisão pode
cancelar pelo menos 50 mil benefícios por mês.


Outro ponto da medida é acelerar o período de defesa
por parte de quem tiver o benefício questionado. Nesse
caso, a ideia é usar mecanismo similar ao de uma lei de
2019 que acelerou a cassação de benefícios irregulares
na Previdência.


Naquele caso, o beneficiário com indício de
irregularidade é notificado (pessoalmente, pela rede
bancária, pelos Correios ou pela internet) para se
defender dentro de 30 dias no caso de trabalhador
urbano e 60 dias para morador rural.


Caso a defesa seja considerada insuficiente pelo INSS,
ou caso o beneficiário não apresente a defesa, o
pagamento fica suspenso.


Somando a revisão de benefícios por critério renda
(cruzamentos dedados) e por aplicação de instrumento
de aferição da deficiência com a redução das
concessões judiciais, a economia com a iniciativa ficaria
acima de R$ 5 bilhões já em 2021. Em 2022, já
passariam de R$ 10 bilhões.


Para 2021, o governo reservou R$ 64,7 bilhões para


despesas com o BPC.

Com isso, a expectativa é atender a 5 milhões de
pessoas, dos quais 2,2 milhões de idosos e 2,8 milhões
de beneficiários com deficiência.

Os gastos em 2020 vêm subindo em relação ao ano
passado, quando, pela primeira vez, houve um recuo na
cobertura do benefício (4,63 milhões de pessoas). A
explicação foi a fila de espera por análise dos pedidos
no INSS.

As discussões de mudanças no BPC ocorrem enquanto
o governo pretende eliminar despesas para abrir espaço
orçamentário no teto de gastos para encaixar a
expansão do Bolsa Família, que o governo vem
chamando de Renda Brasil.

O programa de transferência de renda precisaria de
pelo menos R$ 20 bilhões amais do que recebe hoje
(R$ 32,5 bilhões, em 2020).

Recentemente, a equipe econômica apresentou a
Bolsonaro a alternativa de eliminar o abono salarial.
Mas ele se declarou contrário à medida. "Não posso
tirar de pobres para dar para paupérrimos", disse
Bolsonaro no mês passado.

Por ser um decreto presidencial, a revisão nos
benefícios apessoas carentes (BPC) não precisa passar
pelo Congresso.

Desde o ano passado, o governo sofre derrotas no
Congresso quando tenta alterar as regras de concessão
do benefício assistencial, por exemplo, durante as
discussões da reforma da Previdência.

Além disso, o Congresso chegou a derrubar um veto de
Bolsonaro e, assim, ampliou a cobertura do BPC para
pessoas, elevando o limite de renda familiar per capita
de até um quarto de salário mínimo para até meio
salário mínimo (ou seja, R$ 522,50). Mas isso foi
barrado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

A revisão no BPC tem apoio do presidente da Câmara
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