Governo precisa cortar gastos para manter teto
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
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Autor: MARCELLO CORRÊA
O governo terá que cortar R$ 20,4 bilhões em despesas
para cumprir o teto de gastos no ano que vem, segundo
projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada
ao Senado.
A equipe econômica acredita que com as despesas
projetadas para o próximo ano, de acordo com a
proposta orçamentária apresentada no mês passado,
será possível cumprir a regra fiscal.
Na avaliação da IFI, a previsão feita pela equipe do
ministro da Economia, Paulo Guedes, subestima
despesas. Os benefícios previdenciários, por exemplo,
estimados em R$ 704,4 bilhões pelo governo, devem
chegar a R$ 731,3 bilhões, nas contas da entidade.
A instituição aponta ainda que os gastos livres - ou
discricionários, no jargão técnico - também foram
subestimados. ParaalFI, essas despesas devem ficar
em R$ 123,2 bilhões, enquanto o governo reservou R$
108,4 bilhões para essa área, que inclui investimentos e
o custeio da máquina pública.
O teto de gastos foi criado em 2016 e prevê que as
despesas primárias (que excluem o pagamento de
juros) não podem crescer mais que a inflação do ano
anterior, fechada em junho.
Por essa regra, o limite fixado para o ano que vem é de
R$ 1,485 trilhão. Mas as contas da IFI indicam que os
gastos sujeitos à trava fiscal alcançarão R$ 1,506
trilhão, o que exigiría o ajuste.
Fazer esse tipo de ajuste é difícil porque a maior parte
do Orçamento é de despesas obrigatórias, como o
pagamento de aposentadorias e salários de servidores.
Sem mudanças estruturais, restaria ao governo cortar
nas despesas livres, o que inclui o custeio da máquina e
podería levar à paralisação da prestação de serviços
públicos, alerta a IFI.
Na avaliação da instituição, faltou ao projeto
orçamentário a previsão do risco de rompimento do teto.
"O ideal seria observar, pelo menos, que o quadro do
PLOA (projeto orçamentário), uma vez incrementado
pelo provável gasto com o novo programa social (Renda
Brasil), já levaria à necessidade de contenção de gastos
discricionários. Essa contenção, por sua vez, na prática,
será difícil de se realizar em prejuízo de áreas e
políticas essenciais, colocando a política fiscal em um
nítido dilema", aponta o relatório.
A equipe econômica defende a aprovação de medidas
que reduzam os gastos obrigatórios para abrir espaço
no teto sem inviabilizar o custeio da máquina pública.
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