Despesas com servidor podem cair R$ 1,7 trilhão em 20 anos
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
terça-feira, 15 de setembro de 2020
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Autor: ELIANE OLIVEIRA
Medidas de controle de gastos de pessoal - como o
congelamento de salários por dois anos, a redução da
taxa de reposição de servidores que deixaram o setor
público, a diminuição do salário médio dos funcionários
entrantes, o alongamento das carreiras e a reforma
administrativa encaminhada este mês ao Congresso -
poderão gerar uma economia de R$ 1,3 trilhão a R$
1,752 trilhão nos cofres da União, dos estados e dos
municípios nos próximos 20 anos, segundo estudo do
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Em dez anos, a economia somaria R$ 816 bilhões.
O levantamento, denominado "Ajustes nas despesas de
pessoal do setor público: cenários exploratórios para o
período 2020-2039", tem por objetivo subsidiar as
discussões sobre como reduzir os gastos com os
servidores públicos. Mas os números não são exatos,
devido a uma série de fatores, entre os quais a
precariedade dos dados fornecidos por alguns estados
e a dependência de um conjunto "amplo e incerto de
condicionantes econômicas, políticas e legais".
José Ronaldo Souza, diretor de estudos e políticas
econômicas do Ipea, explicou que, à exceção do
congelamento dos salários, as medidas citadas no
estudo estão relacionadas a um possível conjunto de
ações da reforma administrativa, que vão afetar novos
servidores e, por isso, levarão um tempo maior para
terem algum efeito. Ele reforçou que o levantamento é
apenas um exercício, dadas as incertezas quanto ao
futuro.
- O importante é que, quanto antes as medidas
entrarem em vigor, mais rápido será o impacto fiscal.
O diretor-adjunto do Ipea, Marco Cavalcanti, explicou
que os cenários levam em conta taxas de reposição de
servidores de 90% para nível superior e 50% para nível
médio, com a perspectiva de aumento da produtividade,
para evitar que os serviços públicos fiquem
comprometidos. A redução do salário inicial seria de
30% e o tempo de carreira seria dobrado.
IMPACTO RELEVANTE
Ana Carla Abrahão, economista especializada em
finanças públicas, disse que não conhece em detalhes o
estudo do Ipea, mas afirmou que as projeções de
economia não a surpreendem.
- Na medida em que você tem congelamento de
salários, congelamento de concursos e a eliminação
desses dispositivos que geram crescimento vegetativo
da folha, o impacto de fato é muito relevante - disse.
Ana Carla defendeu a incorporação dos atuais
servidores na reforma administrativa. Com isso, os
efeitos das mudanças começarão a ser sentidos com
maior brevidade.
- Isso só reforça o impacto e a necessidade de termos a
incorporação dos servidores atuais na reforma, para
garantir que números como esse sejam economizados
já, e não daqui a 20 anos.