Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Rio
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - Reforma Administrativa
reduzir injustiças sociais sem contas arrumadas.
- Ajuste fiscal nunca será um fim em si mesmo. É um
meio para prover política pública para toda a população.
E é importante especialmente no Rio, onde há
desigualdade extremamente elevada. O foco é como
crescer e gerar oportunidade para quem não teve disse
ela, que sugeriu estrutura municipal enxuta, com no
máximo sete secretarias.
Para Armando Castelar, o esforço para garantir um
ambiente favorável para o desenvolvimento sustentado
da economia do Rio deve passar pela boa gestão e
continuidade dos serviços públicos. Se o município está
em desordem, a cidade também fica, reduzindo sua
capacidade de atrair investimentos e gerar empregos.
Tafner lembrou que a cidade perde profissionais
qualificados para outras cidades, como São Paulo ou do
exterior, por falta de oportunidades e problemas que
afetam a qualidade de vida, como a violência.
- Um ativo que o Rio tem e é pouco lembrado é a mão
de obra qualificada. Quase 80% têm ao menos o ensino
médio completo, e um terço tem nível superior, o que
está bem acima da média nacional. Quando comparado
com São Paulo, no entanto, essas pessoas ganham
menos no Rio. Precisamos trabalhar para gerar
melhores salários para esses trabalhadores e atrair
empresas - disse Castelar.
IMAGEM COMO 'MARCA
O economista da FGV defendeu três focos para este
objetivo: o setor de energia (petróleo e energia elétrica),
expandir a área de cultura e avançar na área de start-
ups e tecnologia. Mayara Santiago, pesquisadora de
Economia Aplicada do IBRE/FGV, observou a
importância de contemplar a redução de desigualdades
na estratégia: - O ajuste fiscal, feito com transparência,
atrai investimentos e ajuda trabalhadores em situação
mais vulnerável. O Rio tem um grande número de
vulneráveis e uma taxa de desemprego alta, que só
aumentou durante a pandemia.
A empresária Cristiana Beltrão, contou que recruta boa
parte da mão de obra de seus restaurantes em
comunidades carentes e tem histórias de ótimo
desempenho após investir na capacitação das pessoas:
- Não reconhecer as comunidades como força
empreendedora e cultural significa limitar o crescimento
do Rio pela metade. Significa olhar para a metade como
grande parte do problema, e acredito que ela seja boa
parte da solução.
Ela afirmou que o Rio "é uma marca". Atribuiu à imagem
da cidade parte do sucesso de seu negócio na
exportação de gêneros alimentícios que chegam a
outros países com a inscrição "Made in Rio de Janeiro".
No evento, foi discutida a necessidade de modernização
institucional, com desburocratização e meios para
ampliar a participação da sociedade nas escolhas do
poder público.
- A pandemia demonstrou que as novas tecnologias têm
potencial imenso para a prefeitura criar programas de
engajamento com o cidadão - disse Jean Caris,
economista à frente da consultoria Cidadis.
André Clark, da Siemens Energy, afirmou que o Estado
precisa reduzir a ineficiência na execução de projetos e
aprimorar o relacionamento com as empresas, que
definiu como "complexo e pouco transparente". E frisou
que soluções passam pelas contas públicas: - O
balanço fiscal desorganizado é gerador de corrupção, é
muito perigoso isso disse, ressaltando que a
descontinuidade entre mandatos prejudica a
previsibilidade.
- O setor privado não investe pensando no próximo
prefeito, mas nos próximos 30 anos. É preciso leis e
regulações de longo termo.
O executivo destacou o papel simbólico do Rio:
- O Rio saindo dessa situação de desesperança será
um grande exemplo para o Brasil. E a imagem, o
símbolo do país, para o bem e para o mal. O mundo
quer que o Rio dê certo. (*Estagiária sob supervisão de