Clipping Banco Central (2020-09-15)

(Antfer) #1

Hábito da leitura


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ADRIANA IZEL [email protected]


Aprendi a ler e a escrever em casa, com o meu pai,
numa das greves da rede pública do Distrito Federal.
Lembro que achei difícil. Mas não demorei a me
interessar pelos livros. Neta de um escritor e afilhada de
um leitor ávido, gostar de ler parecia um caminho
natural. E foi. Mas a sede de leitura surgiu assim que
terminei o primeiro exemplar de Harry Potter. A partir
daí, já estava encantada pelo mergulho na imaginação
que um livro proporciona e pela ansiedade de chegar à
última página.


Por ter essa paixão pela leitura, seja de livro, seja de
jornais e revistas, fico sempre surpresa quando alguém
me diz não gostar de ler. Na última sexta-feira, fiquei
triste ao perceber que o hábito de leitura está caindo no
país. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo
Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural,
mostrou que, de 2015 a 2018, houve uma queda de
mais de quatro milhões de leitores, em sua maioria, das
classes A e B.


A pesquisa sai em meio à uma polêmica envolvendo a


taxação dos livros, prevista em 12%, na proposta de
reforma tributária apresentada pelo ministro Paulo
Guedes ao Congresso Nacional -- atualmente, os livros
são isentos de impostos. Isso acarretaria no aumento do
preço das obras, o que dificultaria o acesso aos mais
pobres e também a margem de lucro das livrarias, que,
já vivem um momento de crise. A tributação incide em
todo tipo de livro, da Bíblia aos didáticos.

Por mais que o estudo mostre essa redução na leitura,
também expõe que, diferentemente do que foi pensado
e dito por Guedes em relação ao consumo de livros, o
hábito de leitura das classes C, D e E, por mais que
ainda seja menor do que nas classes A e B, foi o menos
afetado. Ou seja, são as pessoas de mais baixa renda
que se mantêm firmes na leitura. E são exatamente
esses leitores que, caso a reforma seja aprovada com
essa parte referente aos livros, os mais impactados e os
que poderão, na próxima pesquisa, estar na estatística
de queda.

Um país que não lê é um país que renega sua história.
Os livros nos dão saber e, mais que isso, nos dão
esperança de imaginar dias e narrativas melhores do
que as que vivemos. Numa pandemia, então, quem não
quer se perder nas páginas de um bom livro?

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas, Banco Central - Perfil 1 - Paulo
Guedes
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