Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
Brasília - O secretário especial de Fazenda do Ministério
da Economia, Waldery Rodrigues, encontrou o
presidente Jair Bolsonaro na tarde desta terça-feira (15)
para esclarecer os comentários que fez anteriormente
sobre o congelamento das aposentadorias.
Segundo relatos, Waldery encontrou o presidente fora
da agenda oficial para esclarecer a proposta defendida
por ele em entrevista ao portal G1 de congelar por dois
anos o reajuste dos aposentados e teria se desculpado
pelo ruído.
Ao menos parte dos integrantes da Economia ouvidos
pela Folha recebeu a informação do encontro com
alívio, por ver no gesto um movimento que contribuiria
para pacificar os ânimos e diminuir a pressão sobre a
saída do secretário.
Uma eventual demissão no calor do momento seria
vista, para parte dos membros da Economia, como algo
ainda pior para a equipe de Guedes ao representar uma
perda de força das propostas estudadas pelo time de
técnicos como um todo.
A fritura de Waldery ocorre em um momento em que o
Ministério da Economia como um todo está sob pressão
do restante do governo, que demanda sobretudo mais
recursos. O secretário é um dos principais defensores
da responsabilidade fiscal e de regras como o teto de
gastos.
Apesar de receber críticas de colegas, inclusive por sua
linguagem batizada de "hermética", Waldery é
mencionado no ministério como alguém honesto
politicamente, e a atitude de encontrar o presidente teria
coerência com essa personalidade, segundo os relatos.
Na equipe econômica, outros integrantes ouvidos
ficaram irritados com a entrevista de Waldery. A
interpretação é que ele pode ser um excelente técnico,
mas não poderia se comportar como um porta-voz do
governo publicamente.
Essa postura de porta-vozes, segundo membros, é
herança de uma fase anterior da pasta, que precede a
reformulação da interlocução política no governo.
Naquela época, o Ministério tinha que ir a campo
defender suas propostas e as falas públicas dos
integrantes eram mais frequentes. Agora, esse cenário
teria mudado e certos membros ainda precisariam ser
"enquadrados". Gustavo Uribe, Bernardo Caram, Fábio
Pupo e Thiago Resende
Leia mais da pág. A17 à A19
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