Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

Morre Aloysio Faria, ex-dono do banco Real, aos 99 anos


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: Vinicins Torres Freire


São Paulo - Aloysio de Andrade Faria era o último dos
grandes fundadores da banca moderna no Brasil,
instituições que foram criadas ou ganharam corpo nos
anos 1940 e que resistiram à onda de quebradeiras
decorrente também do fim da superinflação, a partir de
1994.


Era do grupo que incluiu um Amador Aguiar (do
Bradesco, fundado em 1947), um Walther Moreira
Salles (do Unibanco, de 1942) ou de um Olavo Setúbal
(do Itaú, de 1943).


Faria morreu nesta terça-feira (15), aos 99 anos, de
causas naturais.


Foi dono do Real, banco que assumiu com a morte do
pai, em 1948, então ainda chamado Banco da Lavoura
de Minas Gerais, que havia sido criado como uma
cooperativa de crédito agrícola, em 1925. Sob Faria, o
banco cresceu, foi pioneiro e ativo em negócios
internacionais e mudou de nome no começo dos anos
1970 (para Real), durante uma disputa com o irmão,


Gilberto Faria (1922-2008), também banqueiro (Banco
Bandeirantes), político e que foi padrasto do ora
deputado federal Aécio Neves.

Em 1998, o Real foi vendido para o holandês ABN Amro
por US$ 2,1 bilhões, o equivalente hoje a US$ 3,34
bilhões (R$ 17,7 bilhões) - o ABN seria comprado em
2007 pelo Santander.

Em 1998, era o quarto maior banco privado do país, tido
então por analistas do ramo como dos mais eficientes.

Faria reteve alguns negócios do Real, que se tornaram
parte do conglomerado Alfa, hoje entre as 50 maiores
instituições financeiras do Brasil. O grupo tem
empreendimentos como os hotéis Transamérica, as
lojas C&C Casa e Construção, fazendas e indústria de
óleo de palma, a Águas Prata, a rádio e TV
Transamérica e o Teatro Alfa, em São Paulo.

Faria era neto do coronel Pacífico Soares de Faria,
pecuarista do Vale do Jequitinhonha, e filho de
Clemente Faria, fundador do banco, deputado federal e
figura de peso na elite mineira nos anos 1940. Ele
mesmo, porém, ficou conhecido pela discrição,
chamado de "banqueiro invisível".

É difícil encontrar registros de seu envolvimento com
políticos. Quase não aparece em memórias de gente
com poder na economia e na política do século 20.

Aparece de modo curioso e de passagem nos "Diários
da Presidência" de Fernando Henrique Cardoso. Lá,
FHC diz que parte da banca privada brasileira estava
entre irritada e assustada com a concorrência
estrangeira, que Faria estava contente com venda do
banco e que o Real, na verdade, havia sido oferecido a
compradores de fora pelo Banco Central.

Em 2015, Faria apareceu na lista de milionários
brasileiros que usavam contas do HSBC na Suíça para
movimentar recursos por paraísos fiscais. Em 2003, fora
investigado pela CPI Mista do Banestado, pois um
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