Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

Ideb revela a melhora no ensino médio e o desafio da pandemia


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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A persistente omissão do MEC comprova que a
Educação não tem mesmo importância para o governo


A melhor notícia no índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) divulgado ontem é que, em
2019, o ensino médio, motivo de preocupação e dor de
cabeça para governantes e educadores, registrou a
maior evolução desde que o indicador foi criado, em



  1. A nota média dos estudantes desse segmento no
    ensino público, o mais problemático, subiu de 3,5 para
    3,9. E pouco, longe da metade 4,8. Mas o resultado
    deixa para trás um longo período de estagnação.


O Ideb dá o tamanho do desafio que têm escolas
públicas e privadas para compensar os estragos
pedagógicos causados pela pandemia. Será lamentável
se houver um recuo significativo no ensino médio
público, como resultado da falta de empenho e de
competência nos governos para planejar e executar
estratégias capazes de recuperar o tempo sem aulas.


Também há dificuldades nas escolas particulares. Pela
primeira vez em 15 anos, o Ideb da rede privada ficou
estagnado nos anos iniciais do ensino fundamental, em


7,1, ainda abaixo da meta de 7,4. O ensino público, em
compensação, registrou 5,7, ultrapassando o objetivo de
5,5.

No preocupante ensino médio, apesar de ter havido
avanço nas duas redes, parece ilusório crer que no
próximo Ideb, a ser divulgado em 2022, a média do
Brasil alcance as metas: nota 6 no início do
fundamental, 5,5 no final e 5,2 no médio - situação
comparável à de países desenvolvidos.

Não apenas em razão da pandemia, mas porque a
realidade educacional brasileira continua a apresentar
grande diversidade. As notas em Português e
Matemática subiram em todos os estados, mas ficaram
distantes da meta nacional de nota 5. No Ceará, 98,95%
dos municípios atingiram a meta para os anos iniciais do
fundamental, enquanto, no Rio de Janeiro e no
Maranhão, foram menos de 50%. São Paulo voltou a
crescer no ranking e lidera no início do ensino
fundamental. No final do ciclo, o primeiro lugar ficou
com o Ceará. Coube a Goiás a melhor avaliação no
ensino médio.

É patente a falta que faz um MEC ativo. O quarto
ministro do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, pode ter
deixado de lado a estridência, mas continua mergulhado
na inação. Educação não é mesmo prioridade de
Bolsonaro. O ensino médio evolui pelo trabalho de
estados, que passaram a agir sem esperar a
implementação da reforma curricular aprovada ainda no
governo Temer.

O próximo Ideb não deverá ser animador, mas o exame
de 2019 deixa pistas dos melhores caminhos. Uma
delas: resultados positivos estão ligados a um maior
investimento do Fundeb por aluno, mesmo antes da
entrada em vigor da nova versão do fundo, a partir do
ano que vem. Com mais recursos, o futuro pós-Covid
poderá ser melhor.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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