Economia opta por manter silêncio após conflito
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
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Autor: MARCELLO CORRÊA E GERALDA DOCA
A crise interna no governo causada pela proposta da
equipe econômica de congelar aposentadorias e
pensões para criar o Renda Brasil fez o ministro da
Economia, Paulo Guedes, orientar seus auxiliares a
não falarem mais sobre o programa social. Ontem,
técnicos evitaram tocar no assunto até em caráter
reservado.
O silêncio no Ministério da Economia foi notado
principalmente pela ausência do secretário especial da
Fazenda, Waldery Rodrigues, em uma entrevista
coletiva sobre projeções econômicas que havia sido
marcada na véspera. O compromisso estava na agenda
oficial do secretário.
Rodrigues é apontado como alvo do "cartão vermelho"
apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro por ter
concedidos entrevistas no domingo defendendo o
congelamento dos benefícios previdenciários. Dessa
forma, não cumpriu o acordo de só tratar de propostas
após as idéias serem debatidas internamente no
governo.
A estratégia foi combinada após Bolsonaro ter
conseguido formar uma base de apoio no Congresso. O
objetivo é não confundir propostas em debate apenas
na equipe econômica com os piamos do governo,
composto por outras áreas.
PRESIDENTE PARCEIRO
Procurado desde segunda-feira pelo GLOBO, Waldery
não respondeu aos pedidos de entrevista. O mesmo
ocorreu com outros técnicos. Duas fontes afirmaram,
mesmo em caráter reservado, que a equipe não
comentará mais propostas envolvendo o novo programa
social e cortes de gastos.
Ontem, durante uma entrevista coletiva, o secretário de
Política Econômica, Adolso Sachsida, resumiu o
posicionamento dos técnicos em relação à medida,
quando perguntado por jornalistas sobre as críticas
feitas por Bolsonaro.
- O presidente da República já se manifestou sobre o
assunto e não cabe a mim tecer novos comentário
afirmou Sachsida, para quem as discussões não podem
ser feitas em público: - O presidente é um parceiro na
agenda de reformas pró-mercado. Nós fomos eleitos
com essa pauta. Você olha o grande apoio que o
ministro Paulo Guedes tem nessa pauta e nós estamos
avançando. O que me parece que o presidente
Bolsonaro coloca corretamente é que as discussões não
podem ser públicas. Você não pode ficar lançando
idéias publicamente - disse.
A fala do presidente fez com que a saída de Rodrigues
do governo fosse considerada uma possibilidade ontem,
mas esse risco foi reduzido após uma reunião entre o
secretário e o presidente.
O auxiliar de Guedes já vinha sendo alvo de fogo amigo
da ala desenvolvimentista, que defende a ampliação de
gastos. Waldery é um defensor do ajuste fiscal.