Azevêdo desmente Trump e nega ter sido ameaçado
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Davos
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Autor: MÍRIAM LEITÃO
O embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da
Organização Mundial do Comércio (Ã"MC), nega que
tenha tido qualquer conversa com o presidente
americano, Donald Trump, na qual ele o tenha
ameaçado. Ele se refere ao que foi publicado no livro de
Bob Woodward, "Rage", lançado na terça-feira, segundo
o qual Azevêdo teria deixado a OMC porque Trump, em
um telefonema a ele, teria ameaçado tirar os Estados
Unidos da organização se ele permanecesse.
- Essa é uma versão mentirosa. Não houve isso. E
Trump sendo Trump, é o relato dele. Essa conversa por
telefone nunca aconteceu. Nunca conversei com ele por
telefone. Eu não tenho como provar o negativo, mas
não há qualquer registro de telefonema de Trump para
mim - afirmou.
SUGESTÃO DE REFORMA
Segundo Azevêdo, a única conversa que tiveram foi
presencial e no dia 22 de janeiro, em Davos: - Uma
conversa boa e com várias testemunhas, do meu lado e
do lado dele. Essa conversa foi tão boa que ele me
chamou para uma reunião em Washington.
De acordo com Azevêdo, nessa conversa, Trump
reclamou da OMC e defendeu a reforma da
organização. O brasileiro disse que respondeu que essa
também era a vontade dele, de reformar a OMC.
- Ele me disse: "Vamos fazer nós dois. Eu e você
sentamos para conversar e ver de que tipo de reforma a
OMC precisa". Não era ameaça, e eu estava falando há
muito tempo sobre reforma.
Segundo Azevêdo, ameaças de deixar a OMC Trump
vinha fazendo publicamente desde a campanha, não
sendo, portanto, novidade. Mas na conversa presencial
que tiveram, isso nem foi tratado. Ficaram de se falar
em Washington, viagem que nunca aconteceu porque
começou o processo de impeachment contra Trump,
concentrando todas as atenções dele.
- Que a conversa em Davos foi boa eu tenho registros,
e um deles é público. Fomos para a sala de imprensa e
demos uma entrevista conjunta. E ele disse que tinha
uma tremendous relationship with me (uma formidável
relação comigo). Agente havia se conhecido naquele
dia. Há testemunhas dessa conversa. Do meu lado,
meu chefe de gabinete, Tim Yeend, e meu assessor
Trineesh Biswas. Do lado dele, Jared Kushner, que no
final da conversa me procurou e disse que o encontro
havia sido excelente.
Pelo lado americano, estavam ainda o secretário do
Tesouro, Steve Mnuchin, o secretário de Segurança
Nacional, Robert OBrian, e o representante do Conselho
de Segurança Nacional, Larry Kudlow.
- Os fatos são esses, uma conversa por telefone nunca
ocorreu, e eu digo isso na cara dele se ele quiser - disse
o diplomata brasileiro, que está hoje nos Estados
Unidos, como vice-presidente da Pepsico.
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