Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

Um país em chamas


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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É conhecida a morosidade dos governantes brasileiros
na tomada de decisões diante de situações
emergenciais, como a que ocorre, atualmente, em três
dos principais biomas do país: o Pantanal mato-
grossense, a Amazônia e o Cerrado, tomados pelas
queimadas. Somente depois desses ecossistemas
arderem em chamas por semanas, as autoridades
federais e estaduais mobilizaram-se para tentar conter o
improvável: o avanço calcinante das chamas, que
destrói a fauna, a flora -- também sufoca atividades
econômicas, como o turismo -- e contribui para o
desequilíbrio ambiental global.


Tardiamente, o governo federal mobilizou-se para
colaborar, efetivamente, no combate aos incêndios que
vêm devastando milhões de hectares. Reconheceu o
estado de emergência decretado pelo governo do Mato
Grosso do Sul e prometeu apoiar os esforços para
debelar o fogo que consome o Pantanal há mais de um
mês. Espera-se que, realmente, libere os recursos
prometidos para ações voltadas ao combate direto às
chamas, assistência à população e recuperação de
infraestruturas destruídas.


Também cabe às autoridades, tanto federais quanto
estaduais, investigar a fundo se as queimadas são
criminosas, já que é prática comum entre fazendeiros
queimar a vegetação para abrir novas áreas produtivas
ou, simplesmente, colocar fogo para limpar o solo. Que
a Polícia Federal, já em campo para descobrir os
responsáveis pelas queimadas intencionais no
Pantanal, prenda esses verdadeiros criminosos que não
têm qualquer compromisso com a preservação de
tamanha riqueza natural.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) -- órgão altamente qualificado que sofre
ataques seguidos de setores governamentais --, esta é
a pior temporada de incêndios desde 2010, atingindo,
principalmente, os três biomas. Já foram identificados
mais de 132 mil focos de fogo em todo o país, sendo
48% dos registros na Amazônia, 28% em áreas de
cerrado (boa parte em Minas Gerais e Goiás) e 11% no
Pantanal.

Especialistas reconhecem a dificuldade em conter as
chamas por causa da falta de chuvas, baixa umidade do
ar e, sobretudo, pela falta de uma política oficial
consistente de proteção ambiental. Dificuldade que
aumenta, enormemente, quando os responsáveis pela
preservação do meio ambiente na Esplanada dos
Ministérios apostam no desmantelamento de órgãos de
fiscalização e controle como o Ibama, e de
conservação, como o ICMBio. O certo é que somente
através da implantação de uma política ambiental séria
o Brasil poderá virar essa triste página de sua história.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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