Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

VERA MAGALHÃES - Segundo cartão amarelo


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Se o governo Jair Bolsonaro fosse uma partida de
futebol seria uma pelada de várzea. Dito isso, vamos
explorar a metáforafutebolística (nem para isso a
imaginação pobre desse presidente incidental consegue
superar o lulismo que disse que iria sepultar) usada pelo
presidente.


Bolsonaro mais uma vez preferiu causar nas redes a
governar. Em vez de reunir Paulo Guedes e seus
subordinados na equipe econômica, cobrar um
posicionamento a respeito dos estudos para o Renda
Brasil, dizer o que aceita e o que não permite, pedir
prazos e metas, algo que seria o mínimo que qualquer
gestor com noção do próprio trabalho faria, Bolsonaro
resolveu gravar um vídeo, uma das poucas coisas que
sabe fazer (e ainda assim com a ajuda do filho 02,
Carluxo, ou algum assessor do gabinete do ódio).


Estava na versão pistola, não naquele simulacro de paz
e amor que andou encenando nos últimos tempos.
Disse que não aceitava tirar dinheiro dos paupérrimos
para dar aos pobres, que não permitiria a crueldade de
se congelar pensões e aposentadorias e que se alguém
insistisse nisso levaria um cartão vermelho.


Capitão do time da equipe econômica - que Bolsonaro
fez questão de escalar como uma espécie de adversário
do que chamou de "governo", e não integrantes do
mesmo escrete -, Paulo Guedes fez que não era com
ele para não levar o tal cartão.

Só não se deu conta de que o expediente é inútil, o
enfraquece ainda mais e tira dele a aura de craque que
tinha na fase de preparação do campeonato, antes de
começar essa pelada de quinta categoria que é este
governo. Se não levou vermelho, ainda, Guedes já
acumula dois amarelos em pouco tempo do árbitro
Bolsonaro, e não adianta pedir VAR (com a escusa do
meu amigo Octávio Guedes para fazer menção à sua
comparação de ontem na TV).

O primeiro amarelo veio quando Bolsonaro mandou
Guedes refazer o projeto do natimorto Renda Brasil. O
fez em público, com direito a humilhação. O ex-posto
Ipiranga pediu desculpa e seguiu o jogo. Agora o
presidente deu um passa-moleque no antes intocável
ministro da Economia e pareceu pouco ligar se ele
achasse isso intolerável e pedisse demissão.

Só que Guedes tolerou mais essa. E por ora vai ficando.
Em nome de quê, ambicionando exatamente o quê e
com qual expectativa é impossível dizer. Num misto de
atordoamento e ingenuidade, o ministro prefere negar a
realidade posta diante de seu nariz, de que está sendo
submetido pelo "capitão" (aqui não do time, mas
reformado e expulso do Exército) ao mesmo corredor
polonês em que foram colocados nomes como Gustavo
Bebianno, Osmar Terra (que vergou e continua lá,
puxando o saco), Onyx Lorenzoni (idem), general
Santos Cruz, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta e
até o puxa-saco mor e clown do bolsonarismo Abraham
Weintraub.

Não há gratidão, empatia, modéstia de reconhecer que
não entende do assunto das pastas e delegar aos
especialistas, planejamento, educação, bom senso ou
sequer estratégia na maneira como Bolsonaro lida com
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