Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

GONZALO VECINA - Ponte para a igualdade


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Dependendo do ângulo, a resposta é rápida.
Econômico, social, político, sanitário? Acho que,
independentemente do ângulo, a questão da saúde é
um balizador de todos os outros. Durante esta
pandemia, o SUS mostrou a que veio - conseguiu
garantir uma travessia com uma redução razoável de
perdas.


Muitos morreram, mas aprendemos novas práticas que
vão ficar: como atender pacientes graves em UTI,
reaprender a utilizar alguns medicamentos, usar
máscaras, fazer a correta higiene das mãos.
Expandimos o número de leitos de UTI e conseguimos
reduzir um déficit crônico desse recurso, que ainda não
foi coberto, apesar da melhora.


Mas este é o momento em que o Congresso começa a
discutir o Orçamento do ano que vem. Um ano
complexo do ponto de vista da crise econômica e
quando ainda se viverá a crise sanitária. As vacinas
estão sendo estudadas a Oxford/AstraZeneca
recomeçou depois de uma semana de paralisação os
estudos de fase 3, e todas as demais continuam suas
investigações. Provavelmente teremos alguma vacina.


Com muitas questões em aberto: quem serão os
primeiros a recebê-la? Quanto tempo durará o efeito
protetor? Quando toda a população do País estará
protegida? Teremos segunda onda? O vírus sofrerá
mutação?

Além dessas questões, existe a agenda assistencial do
que não foi realizado em 2020 - as doenças crônicas
não atendidas, os cânceres não diagnosticados ou que
não tiveram o tratamento iniciado. Enfim, tudo que se
suspendeu para acertadamente impedir que a rede
hospitalar entrasse em colapso.

Exageramos na dose, não precisava ter parado a
atenção primária, a atenção ambulatorial, os exames
diagnósticos.

É tempo de aprender para não repetir velhos erros, mas
sobretudo é tempo de buscar preservar os imensos
avanços realizados, como o número de leitos de UTI
que devem continuar sendo financiados pelo Ministério
da Saúde. Aliás, essa questão ressurge sempre. Para
que serve o ministério? Tem a responsabilidade de criar
as políticas que induzem as ações e é responsável por
50% do financiamento do SUS, portanto é fundamental.
Outros avanços estão na descoberta e no uso da
telemedicina, que terá de ser expandida, na importância
e na necessidade de ampliação da atenção primária, e
na criação de interfaces com a rede privada, com a
melhoria dos serviços públicos.

Essa é uma discussão que os profissionais da Saúde
sempre fizeram. Apesar da situação também sofrível da
educação, esta já é reconhecida como um serviço
essencial e deve ser entregue pelo Estado. Mas a
saúde não é vista assim. Veja-se a recente ameaça do
governo de extinguir o Aqui Tem Farmácia Popular, que
atinge 23 milhões de brasileiros e reduziu a mortalidade
por hipertensão e diabete no País. Ela quase não foi
discutida. Mas por sua impor- tância sanitária deveria ter
virado uma manifestação semelhante às de 2013 contra
o aumento da tarifa de ônibus.
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