Clipping Banco Central (2020-09-16)

(Antfer) #1

Destino do Minhocão


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Ideia de plebiscito sobre futuro da obra precisa vir
acompanhada de ações para recuperar seu entorno


A proposta de desativar o elevado João Goulart,
popularmente conhecido como Minhocão, felizmente
vem deixando o campo abstrato dos debates para
adentrar o terreno concreto das leis.


A preservação da via, cuja importância para o caótico
trânsito de São Paulo é contestada por estudos da
Companhia de Engenharia de Tráfego, tornou-se
indefensável diante das consequências perversas da
desvalorização econômica, arquitetônica e humana que
sua presença impõe, faz décadas, a uma tradicional
área da cidade.


Consagrou-se no Plano Diretor da capital de 2014 a
ideia de inativar a estrutura até 2029. Desde então foi
ganhando corpo o intento de fazer dela um parque
suspenso. Uma lei nesse sentido foi promulgada em
2018 e, no ano passado, o prefeito Bruno Covas
(PSDB) anunciou o início das obras num trecho de 900
metros do elevado.


Opositores dessa solução, contudo, forçaram um novo
caminho. Na semana passada, os vereadores
aprovaram a convocação de um plebiscito para que os
paulistanos decidam que fim dar ao Minhocão â?"se
demolição total, parcial ou construção de um parque.

Por importante que seja a participação popular nesse
processo, soa desarrazoada, todavia, a ideia de ouvir a
capital toda acerca de uma questão que, na realidade,
afeta apenas parte diminuta dela.

No limite, numa cidade gigantesca como São Paulo, o
assunto seria decidido não pelas centenas de milhares
de paulistanos diretamente impactados pelo destino do
elevado, mas pelos milhões que, vivendo distantes dali,
talvez pouco ou nunca usufruam da escolha feita.

Assim, seria melhor que a consulta se restringisse, por
exemplo, aos habitantes dos distritos do entorno do
Minhocão, ou da subprefeitura onde a via se localiza.

Dentre as opções futuras do elevado, esta Folha inclina-
se pela da transformação do espaço em parque. É
notório, afinal, que a metrópole carece de áreas verdes
voltadas ao lazer e à prática de esportes. Conta ainda a
favor dessa preferência o fato de que o paulistano já
acolheu o local, que, nos últimos anos, tem sido aberto
com sucesso à população nos fins de semana.

Seja qual for o destino escolhido, porém, é crucial que
ele venha acompanhado de um plano que promova a
revitalização da área. E que seja capaz de preservar a
presença dos atuais moradores e de atrair novos, numa
transformação que o entorno há muito necessita.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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