Após cartão, Guedes consultará Bolsonaro para anunciar planos
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência
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Autor: Daniel Carvalho, Thiago Resende e Bernardo
Caram
Brasília Depois de ser submetido anovo desgaste, o
ministro Paulo Guedes (Economia) mudou a estratégia
da pasta e quer que o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) dê aval a propostas, com líderes partidários,
antes que elas comecem a ser divulgadas.
Na terça (15) , Bolsonaro ameaçou o time de Guedes
com "cartão vermelho" caso fossem feitas propostas de
criação do Renda Brasil com cortes em outros
programas sociais.
A primeira iniciativa para alinhar o discurso será em
torno da PEC (proposta de emenda à Constituição) que
tratará de um imposto sobre transações aos moldes da
extinta CPMF.
Como a Folha mostrou na terça, Guedes decidiu
antecipar o cronograma de reforma tributária do
governo, com medidas atreladas à recriação da CPMF.
Antes dessa decisão, Bolsonaro externou irritação com
manchetes de jornais, entre elas a da Folha, segundo a
qual o governo planejava revisar cerca de 2 milhões de
benefícios destinados a idosos e pessoas com
deficiência.
O rompante de Bolsonaro se deu porque o secretário
especial de Fazenda do Ministério da Economia,
Waldery Rodrigues, expôs o plano da pasta para
congelar por dois anos o reajuste dos aposentados,
reduzindo despesas públicas e abrindo espaço no
Orçamento para o Renda Brasil.
A ideia era que o programa substituísse o Bolsa Família
- marca de gestões petistas.
Integrantes do ministério dizem que o próprio Paulo
Guedes já antecipou informações sobre medidas que
ainda estavam em gestação.
Em agosto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEMRJ), acusou o time do ministro da Economia de ter
vazado a proposta antes de consultar Bolsonaro.
Na época, o presidente vetou a ideia de cortar o abono
salarial (espécie de 14º salário pago pelo governo a
trabalhadores formais de baixa renda) para bancar o
Renda Brasil.
Por isso, a cúpula da equipe econômica quer submeter
a PEC da nova CPMF a Bolsonaro para que ele
determine o que quer, o que não quer e em que
velocidade quer.
Sem um canal de comunicação com Maia, Guedes
depende do núcleo político do governo para que uma
proposta impopular, como a criação de um imposto
semelhante à CPMF, tenha chance de avançar no
Congresso.
Para as novas medidas, a equipe econômica quer se
distanciar da articulação política com o Congresso,
deixando a missão nas mãos da Secretaria de Governo,
comandada por Luiz Eduardo Ramos, e dos líderes