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Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Cida Bento


Neste Setembro Amarelo, mês da prevenção ao
suicídio, vale lembrar que, segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS - 2020), o Brasil é o segundo
país com maior número de depressivos nas Américas. É
também o país com maior prevalência de ansiedade no
mundo, e o suicídio é a terceira principal causa externa
de mortes.


Angústia, ansiedade e depressão, que já eram um
problema no país, dispararam e, em alguns casos,
quase dobraram com a pandemia da Covid-19, segundo
as Nações Unidas (2020), e são fatores de risco para o
suicídio.


Os índices de suicídio são altos em grupos que foram
vulnerabilizados peia discriminação e pela exclusão
social e mais afetados pelas crises como os
desempregados, os que vivenciam a insegurança
alimentar, os que são alvos da violência policiai e
aqueles que vivem em territórios brasileiros
permanentemente ameaçados pela invasão predatória e
pela ausência de políticas públicas.


O perfil das pessoas que mais cometem suicídio no
Brasil nos últimos quatro anos é o de jovens negros,
entre 10 e 29 anos de idade (Ministério da Saúde,
2019).

Suicídio entre crianças indígenas é 18,5 vezes maior do
que entre crianças não indígenas e afeta principalmente
meninas (58,2%), segundo Fernanda Garcia, reportando
estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 2019.

Situações de grande violência podem gerar muito
sofrimento humano e psíquico e esvaziar o sentido da
vida golpeando os vínculos que ligam as pessoas,
abalando a confiança na comunidade, nas instituições,
no país.

Acolher e reconhecer a pluralidade de grupos que
compõem a sociedade, receber a denúncia pela
injustiça sofrida por eles, bem como acolher a
necessidade de reparação, tudo isso é um processo
relacionado à cultura, ao direito e à política e permitem
o reequilíbrio entre os diferentes grupos. O grupo é o
verdadeiro local de circulação dos afetos, da
possibilidade de tratamento e cura.

Chegamos ao mundo pelo corpo e pelo grupo, e nossa
relação harmoniosa e afetuosa com ambos é que
permite o enfrentamento dos desafios que a vida nos
coloca.

A afeição humana é uma norma evocada pelas
principais religiões e tradições e nos conduz a aceitar a
diversidade de grupos em termos deu ma humanidade
compartilhada.

A violação da norma de afeição humana tem sido
chamada de exclusão moral, que ocorre quando o
preconceito coloca pessoas ou grupos fora do limite em
que estão vigendo regras e valores morais, levando a
um distanciamento psicológico e à ausência de
compromisso moral em relação a estes grupos
excluídos.
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