Clipping Banco Central (2020-09-17)

(Antfer) #1

Samuel Kinoshita - Apreciando a recuperação brasileira


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Samuel Kinoshita


Liderança de Paulo Guedes consiste no
estabelecimento de metas arrojadas


Samuel Kinoshita


Economista e assessor especial do ministro da
Economia, Paulo Guedes


No artigo "O prosador de promessas", publicado no dia
30 de agosto nesta Folha, um conjunto de oito distintos
autores estampou percepção bastante negativa da
política econômica liderada pelo ministro da Economia,
Paulo Guedes. Baseando-se em um apanhado de
impressões, lamentam que o país esteja preso em uma
"tríade" de "inércia, ideologia e ignorância". Discordo
frontalmente dessa interpretação.


Uma característica (agora notória) da liderança do
ministro consiste no estabelecimento de metas
arrojadas. Trata-se de abordagem que define um ideal
elevado a ser perseguido, servindo como forma de
apontar a direção na qual deveríamos enfaticamente


nos mover. Frases como "Guedes garantiu (...) que
zeraria o déficit primário" simplesmente não procedem.
A mensagem transmitida foi clara: empenho substancial
no sentido de avançar o máximo possível nos temas de
maior relevo do planejamento.

Vale a pena destacar que, sob métrica específica, essa
abordagem ambiciosa nos legou um resultado bastante
positivo no passado recente. Enquanto a maior parte
dos analistas aguardava uma reforma previdenciária
com impacto similar à que o governo anterior já
encampava, a tenacidade e convicção em algo superior
desempenhou papel importante na coordenação de
esforços, que culminou em algo como o dobro do
resultado aguardado. E lembremos que a proposição
inicial era ainda mais ambiciosa e arrojada. Em vez de
enxergar esse "cumprimento parcial" como uma
frustração, percebo como a ação habitual do
mecanismo designado acima.

"Suas promessas confundem a sociedade, o que é
sempre danoso à economia." Qual é a métrica dos
autores, aparentemente especialistas em Friedman e
Keynes (e Skidelsky?), para gerar uma afirmação forte
como esta? Eles possuem alguma evidência de que se
confundiu a sociedade, e que isto, consequentemente,
causou danos à economia? No terreno das
elucubrações verificáveis, ofereço outra. Essa posição
existe há 212 anos. Um ministro que tenha força,
convicções corretas e grande capacidade de
comunicação certamente oferece ao país um serviço de
grande valia intertemporal.

Os autores também apontam que elementos da agenda
tiveram evolução mais lenta que o desejado. Por
exemplo, o "mercado de gás que nunca saiu do papel"
(seguiu recentemente para o Senado, depois de
aprovado na Câmara) e a "reforma administrativa que
também não saiu do papel" (proposta apresentada).
Este ponto merece maior esclarecimento: dado o
reconhecimento da centralidade da reforma
previdenciária para a agenda econômica subsequente,
optamos por focar esforços na sua aprovação. Em
Free download pdf