Clipping Banco Central (2020-09-17)

(Antfer) #1
CARLOS ALBERTO SARDENBERG - 2022, o único projeto de
Bolsonaro

Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Selic

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Opior não foi o ministro Rogério Marinho anunciar a
mixaria de R$ 3,8 milhões para combater o fogo no
Pantanal. Conforme a conta feita pelo pessoal do
"Jornal da Globo", isso mal daria para pagar 540 horas
de voo de aviões aparelhados para debelar esse tipo de
incêndio. O pior foi o ministro dizer que estava liberando
aqueles 3,8 milhões porque havia projetos para o uso
do dinheiro. E que soltaria mais recursos - 5, 10
milhões, quanto fosse se houvesse outros projetos.


Há quantas semanas ocorre o atual fogo?


Há quantos anos se sabe que há incêndios nessa época
do ano? E só tem projeto para aplicar menos de R$ 4
milhões de reais?


Pior ainda: não é apenas aí que faltam projetos.


Considerem o Renda Brasil. Deveria ser o sucessor do
auxílio emergencial e o substituto do Bolsa Família.
Ocorre que o próprio auxílio nasceu sem projeto. O
Ministério da Economia sugeriu a distribuição mensal de
R$ 200 para os mais vulneráveis - cujo número se
desconhecia. O Congresso, nos debates, elevou o


benefício para R$ 500 e, na véspera da votação, o
presidente Bolsonaro mandou: põe aí logo R$ 600.

Acabou saindo um programa de R$ 51 bilhões de reais
por mês para algo como 60 milhões de pessoas. Por
isso, aliás, ocorreram aquelas confusões nas agências
da Caixa. A instituição obviamente não esperava tanta
gente.

Houve muita fraude, mas o programa melhorou a renda
das faixas mais pobres. E elevou a popularidade do
presidente, que resolveu perpetuar a benefício com o
Renda Brasil. Seria muito mais que o Bolsa Família, o
grande eleitor do PT no Nordeste, que gasta "apenas"
R$ 32 bilhões por ano para pagamentos a 14 milhões
de famílias.

Mesmo descontando as fraudes do auxílio e reduzindo
para R$ 300 reais ao mês por pessoa, o custo continua
insustentável.

A despesa total prevista pelo governo federal para 2021
é de R$ 1,5 trilhão, sem qualquer provisão para o
Renda Brasil, sequer mencionado no projeto de
Orçamento. Desse gasto total, nada menos de R$ 1,2
trilhão vai para o pagamento de aposentadorias,
pensões e salários do funcionalismo. Sobram R$ 300
bilhões para todos os demais gastos de custeio e
investimentos.

Se reduzido para a metade, o custo do Renda Brasil
alcançaria R$ 300 bilhões/ano. Ou seja, ou o governo
funciona ou paga o Renda Brasil.

Aí, fica o pessoal do Guedes procurando de onde tirar
uns trocados para um Renda Brasil desidratado.

Sem chance. A menos que o governo decida imprimir
aqueles 300 bilhões, ou tomar emprestado ou aumentar
impostos - e reaparece a CPMF. Se não fosse
politicamente inviável, levaria aum aumento da dívida
pública, com consequente alta dos juros e da inflação.
Lembram-se da recessão da Dilma? Pois então.
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