Clipping Banco Central (2020-09-17)

(Antfer) #1

Waldery no meio de relação conflituosa


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

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Autor: Rosana HesselSimone Kafruni


Apesar de o presidente Jair Bolsonaro não ter desistido
de demitir o secretário especial de Fazenda, Waldery
Rodrigues, o ministro da Economia, Paulo Guedes,
está empenhado em mantê-lo na equipe, de acordo com
fontes da pasta ouvidas pelo Correio. O clima no
Ministério da Economia, na quarta-feira, não era dos
melhores. O silêncio reinou absoluto, sem confirmação
da permanência do secretário especial ou de sua saída.
Até ontem à noite, Waldery Rodrigues participava da
rotina do ministério. Esteve presente em uma reunião
entre os secretários especiais do ministério e o chefe,
Paulo Guedes.


Servidor do Instituto de Política Econômica Aplicada
(Ipea), Waldery foi um dos primeiros economistas a
trabalhar com Guedes no governo, ainda no período de
transição, e é um dos homens de confiança do Posto
Ipiranga de Bolsonaro. Entretanto, o secretário não é
uma unanimidade e acumula desafetos na pasta. Ele é
citado, inclusive, como pivô da saída de vários nomes


do governo, como Mansueto Almeida e Caio Megale,
que já está cumprindo expediente na corretora XP
Investimentos.

A situação ficou muito ruim para Waldery após o
secretário revelar, em entrevista ao portal G1, a
proposta da equipe econômica para financiar o Renda
Brasil por meio de congelamento de aposentadorias e
pensões. Na terça-feira, Bolsonaro, visivelmente irritado,
divulgou nas redes sociais um vídeo proibindo a equipe
econômica de falar em Renda Brasil e afirmou que o
autor da ideia merecia um "cartão vermelho".

"Waldery não tem respaldo na equipe, mas é um fiel
escudeiro de Paulo Guedes", disse ao Correio uma
fonte próxima à pasta. Segundo a mesma fonte, o
ministro está buscando uma "saída honrosa" para
ambos nesta nova crise. Resta saber se, até lá, o
secretário não pedirá demissão após o constrangimento
de proporções presidenciais. É um momento delicado
para o ministro, que precisa se blindar em meio ao
desgaste com Bolsonaro e à disputa com a ala
desenvolvimentista, com influência cada vez maior no
Planalto.

Não é a primeira vez que o presidente repreende em
público Guedes e a equipe econômica. Com reações
como a de terça-feira, o chefe do Executivo mostra que,
mesmo sem entender de economia, não está disposto a
adotar medidas impopulares. A resistência do
presidente às propostas da área econômica aumentou
particularmente após o presidente observar o aumento
da popularidade em redutos petistas com o auxílio
emergencial. No fim de agosto, além de exigir um valor
do benefício acima dos R$ 247 propostos pela equipe
econômica, criticou a proposta do ministro para criar o
programa financiado com os recursos do abono salarial.
Em um palanque, disse que não iria tirar de pobres para
dar a paupérrimos.

Para o cientista político Cristiano Noronha, a partir de
agora é uma questão pessoal entre o presidente e
Waldery. "A permanência vai depender muito de como o
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