Clipping Banco Central (2020-09-17)

(Antfer) #1

BC interrompe queda dos juros


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Clique aqui para abrir a imagem

Autor: ROSANA HESSEL


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central (BC) interrompeu, ontem, o ciclo de cortes na
taxa básica de juros, iniciado em julho de 2019, e
decidiu manter a Selic em 2% ao ano. A decisão foi
unânime e era esperada pelo mercado, uma vez que a
maioria dos bancos centrais do mundo tem mantido os
juros em meio às incertezas econômicas provocadas
pela pandemia de covid-19.


No caso do Brasil, há uma preocupação crescente com
a deterioração das contas públicas e a desconfiança
sobre a capacidade do governo em conseguir controlar
a disparada da dívida pública bruta, que deverá
encostar em 100% do Produto Interno Bruto (PIB)
neste ano. De acordo com analistas, o BC precisaria ser
mais enfático nessa questão, especialmente, em
relação ao risco de rompimento do teto de gastos no
ano que vem.


No comunicado divulgado após a reunião, o Comitê


considerou que o balanço de riscos continua
assimétrico, pesando negativamente do ponto de vista
fiscal e, apesar de a atividade fraca e da ociosidade
elevada em serviços, ainda há risco de pressões
inflacionárias ao longo do próximo ano. O colegiado
reforçou a necessidade de reformas estruturantes e
disse considerar "apropriado utilizar uma "prescrição
futura" (forward guidance) como um instrumento de
política monetária adicional.

Para o economista-chefe do banco BV, Roberto
Padovani, essa sinalização mostrou que, como a
inflação "corre o risco de ficar acima da meta de inflação
no horizonte de 2021", os juros vão se manter nesse
patamar nesse período relevante.

De acordo com a nota, "o Copom entende que a
conjuntura econômica continua a prescrever estímulo
monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece
que, devido a questões prudenciais e de estabilidade
financeira, o espaço remanescente para utilização da
política monetária, se houver, deve ser pequeno".

Analistas, no entanto, esperavam uma sinalização mais
contundente da autoridade monetária sobre a
preocupação com a questão fiscal, que não deixa
espaço para qualquer corte residual na Selic. "É
desnecessário dizer que, se houver espaço para cair
juros, vai ser pequeno. Não precisava mencionar
forward guidances. Era só dizer que o mais importante é
ter uma visão mais definida sobre o teto de gastos",
criticou Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do
BC e economista-chefe da Confederação Nacional do
Comércio (CNC).

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da
Tendências Consultoria, defendeu que a principal
preocupação do BC, no momento, é evitar um cenário
de dominância fiscal, ou seja, quando a política
monetária não surte mais efeitos na economia devido ao
quadro de desequilíbrio das contas públicas. Ele
lembrou que a Instituição Fiscal Independente (IFI)
prevê que, no ano que vem, será preciso realizar um
Free download pdf