Clipping Banco Central (2020-09-17)

(Antfer) #1

O eterno faz de conta


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ADRIANA
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"Perceba o risco, proteja a vida" é o tema da Semana
Nacional de Trânsito deste ano. Criada há 23 anos,
quando foi promulgado o atual Código de Trânsito
Brasileiro, é um momento dedicado à reflexão e à
educação da sociedade como um todo, para que o
nosso ir e vir sejam mais seguro. Na prática, o evento
ocorre por pura formalidade. Não pela vontade das
pessoas envolvidas na sua elaboração e execução. Mas
porque, no Brasil, a educação, de forma geral, há muito
deixou de ser prioridade e a educação para o trânsito é
um faz de conta lindo descrito na Lei nº 9.503/97.


Enquanto uma minoria idealista apela para o bom-senso
de condutores e pedestres, o Executivo e o Legislativo
editam medidas provisórias e se preparam para aprovar
leis que premiam uma pequena parcela dos motoristas:
os infratores contumazes. Aqueles que dirigem
alcoolizados; que desrespeitam os limites de velocidade
nas rodovias e nas vias urbanas; que furam o sinal; que
se distraem ao telefone em conversas sobre frivolidades
ou trocando mensagens. O PL da morte está aí para


reforçar o que digo.

Mais de duas décadas após a sua publicação, o CTB é
vergonhosamente desrespeitado no que traz de mais
eficaz e bonito: a União, os estados, o DF e os
municípios devem investir na educação para o trânsito.
Formar condutores cidadãos dos seus direitos e
deveres. Mas, as ações ocorrem de forma pontual, sem
aferição do seu impacto e eficácia na sociedade. Além
da Semana Nacional de Trânsito, temos a campanha
nos feriadões: Natal e ano-novo; carnaval, Semana
Santa, retorno às aulas e alguma coisa no Maio
Amarelo. Conto-da-carochinha que não engana a mais
ninguém.

E as mais de 40 mil vidas perdidas todos os anos? E os
que sobrevivem com sequelas físicas e psicológicas?
Esses são transformados em números por gestores
públicos. Números de mortos. Gastos com o sistema de
saúde. Um peso para a Previdência Social. E a
educação para o trânsito, único caminho para salvar
vidas, isso não parece importar. Nem ontem, nem hoje.
No futuro? Talvez. Até lá, torço para as pessoas sérias
e realmente preocupadas com o tema (e são muitas
neste e noutros governos) tenham força e coragem para
continuar lutando por um trânsito mais seguro para
todos nós!

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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