No caminho da continuidade
Banco Central do Brasil
Correio Braziliense/Nacional - Mundo
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - Reforma Administrativa
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: AFP
Quarenta e oito horas depois de sua eleição triunfal
como líder do Partido Liberal Democrata (PLD), que
governa o Japão, Yoshihide Suga tornou-se, ontem, o
novo primeiro-ministro do país, em substituição a Shinzo
Abe, que renunciou por motivos de saúde. O anúncio da
composição de seu gabinete não gerou surpresa,
ficando evidente a opção pela continuidade.
Aos 71 anos, Suga era o braço direito do antecessor,
seis anos mais novo. Ocupou o cargo de secretário-
geral e porta-voz do governo desde o retorno de Shinzo
Abe ao poder, no fim de 2012. Filho de um agricultor,
com uma trajetória atípica, assessorou fielmente o ex-
premiê, coordenando a política entre os ministérios e as
várias agências do Estado.
Suga foi um nome natural na sucessão por conhecer
todos os cantos da poderosa burocracia japonesa,
embora sem o status internacional de Shinzo Abe, que
bateu recordes de longevidade no cargo. Abe deixou o
cargo imediatamente.
O novo premiê comprometeu-se a seguir a política do
ex-assessorado. Desta maneira, ele prometeu uma
certa estabilidade aos caciques do PLD, que deram
forte apoio a seu nome na eleição interna do partido, na
segunda-feira.
Na eleição de ontem, ele recebeu 314 votos de um total
462 sufrágios válidos na câmara baixa do Parlamento,
onde o PLD e seu aliado de coalizão, o partido Komeito,
têm uma ampla maioria. Em agradecimento, fez uma
reverência após os aplausos dos deputados, mas não
discursou. Posteriormente, a câmara alta do Parlamento
também aprovou seu nome.
Pouco depois, seu sucessor, Katsunobu Kato, que era
ministro da Saúde, anunciou a composição do novo
governo. Vários ministros mantêm as pastas, como o
veterano Taro Aso (Finanças), Toshimitsu Motegi
(Relações Exteriores) e Shinjiro Koizumi (Meio
Ambiente).
Nobuo Kishi, irmão de Shinzo Abe, mas que utiliza o
sobrenome do avô materno (primeiro-ministro do Japão
no fim dos anos 1950), entra no governo como ministro
da Defesa, em substituição a Taro Kono, que assumiu o
ministério da Reforma Administrativa.
Estabilidade
O governo de Suga terá que lidar com a crise do
coronavírus, a recessão econômica, a delicada questão
da organização ou não dos Jogos Olímpicos de Tóquio -
- adiados para 2021 por conta da pandemia da covid-19
-- e as repercussões das tensões internacionais,
sobretudo entre Washington e Pequim.
"Na frente diplomática há muitas incógnitas, sobretudo
as eleições americanas", opinou Shinichi Nishikawa,
professor de Ciências Políticas na Universidade Meiji de
Tóquio.