Placar - Edição 1467 (2020-09)

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pelé 80 MÉ XICO


set | 2020

era o goleiro Banks. Menos para Pelé: ‘Já conhecia Banks e nunca o consi-
derei um goleiro sensacional. Uma vez, com o Santos, jogamos contra seu
time, o Stoke City, e ganhamos de 3 a 2. Fiz dois gols’.”
Semana após semana, a empolgação só fazia crescer. PLACAR não se
cansava de falar de Pelé, e Pelé não se cansava de receber os jornalistas da
revista. Nossos fotógrafos tinham as melhores fotos, imagens exclusivas e
históricas que já rodaram o mundo nas últimas cinco décadas contando a
conquista do tri e as glórias do filho de Dondinho. Nas reportagens, trans-
parecia a confiança entre entrevistadores e entrevistado, como se lê no tex-
to “E quando Pelé acabar?”, publicado no meio da Copa. Assim:
“O que você vai sentir no dia em que a seleção brasileira entrar em cam-
po e dentro daquela camisa amarela número 10 não estiver mais um corpo
negro e atlético, ágil e imprevisível? Qual será sua sensação ao ver a cami-
sa 10 amarela correr pelos gramados do mundo fazendo as coisas comuns
que qualquer jogador comum faz, sem a graça, a agilidade e a magia que
você está acostumado a ver dentro dela desde 1958, gritando, pulando ou
simplesmente sorrindo? Prepare-se para isso, porque Pelé, o grande dono
dessa camisa, já decidiu: esta será sua última Copa.
— Pode parecer que não, mas isso cansa. Ficar quatro meses longe da fa-
mília, preparando-se para seis jogos, é duro. Ficar trancado. Pode fazer as
contas. Acho que é a hora de parar.
Nesta última Copa de Pelé, todos esperam ver coisas mais impossíveis
do que as fantásticas que ele já tem feito. A cada jogo do Brasil o estádio
está lotado, à espera dos milagres de Pelé. Mas ele está muito mais preocu-
pado com os resultados de nossos jogos:
— Olha, não quero fazer nada de anormal, só quero ganhar a Copa, le-
var o caneco para o Brasil, chegar no meio do povo e dizer: ‘Tomem, é de

Meio corpo acima dos outros jogadores, Pelé (de olhos abertos) se prepara para cabecear a bola contra
o gol da Itália (a c i m a): a vitória consagradora, com a conquista definitiva da Taça Jules Rimet,
se transformou em uma festa gigante depois que milhares de torcedores invadiram o gramado
do Estádio Azteca para reverenciar, definitivamente, o craque eterno

FOTOS LEMYR MARTINS

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