Placar - Edição 1467 (2020-09)

(Antfer) #1

8


PELÉ 80 MÉ XICO


SET | 2020

defendiam voltar ao passado, outros apostavam
em estratégias nunca antes usadas. Nem mesmo
o protagonista da nossa história era unanimida-
de, naquele tempo, apesar de ser personagem oni-
presente nas capas e reportagens.
Seu apelido: Pelé. Nascido na pequena Três Co-
rações, interior das Minas Gerais, em 23 de outu-
bro de 1940, Edson Arantes do Nascimento tinha
se tornado uma estrela de brilho internacional ao
conquistar, com apenas 17 anos, o primeiro Mun-
dial do Brasil, depois da vitória de 5 a 2 contra a
Suécia, dona da casa, na final da Copa de 1958.
Três décadas mais tarde, ele seguia vestindo a ca-
misa 10 da seleção canarinho, o mítico número
estampado dali para a frente como o do craque
decisivo para qualquer time.
PLACAR e Pelé, indissociáveis, e talvez fosse
o caso de grafar o nome do gênio também em le-
tras maiúsculas. PLACAR e PELÉ. A primeira
edição chegou às bancas com o Rei na capa, é
claro, e um brinde especial: uma moeda come-
morativa com a efígie do craque, presente aos
leitores. Os agrados, os elogios, os agradecimen-
tos pelos feitos do nosso craque inigualável, no
entanto, eram alternados com dúvidas em rela-
ção à sua forma física (estaria ele “velho” aos 29
anos?), temores sobre sua capacidade de “jogar
para o time”, críticas ao mau desempenho nos
jogos preparatórios para o torneio do México.
Sim, a revista publicava artigos, reportagens e entrevistas enaltecendo
nosso maior jogador. Dois meses antes da Copa, estampou uma foto de Pelé
sobre o título assertivo (e, de certa forma, contraditório): “Vamos ganhar. Só
nos falta humildade”. Disse Pelé: “Um time humilde não treme diante da res-
ponsabilidade. Esse time sabe que vai ter de lutar muito para ganhar o jogo.
E lutará”. Ao mesmo tempo, contudo, vinham os questionamentos e as
provocações. “E agora, Tostão ou Pelé?”, tascaram os editores em outra re-
portagem (já que a grande maioria da população achava mesmo que os
dois não podiam atuar juntos). A estocada mais contundente veio às véspe-
ras da estreia no México. Aymoré Moreira, que tinha sido o treinador da

Pausa para controlar os sinais
vitais durante um treino:
os fotógrafos de PLACAR
tinham grande acesso a Pelé

“O Aymoré gostava de aparecer. Dizer que barraria o Pelé era uma


grande oportunidade de polêmica. Ele comentou comigo que daria


entrevista dizendo que eu não estava bem. Achei que era brincadeira.”


LEMYR MARTINS

PL 06_15 - 1970 ctr v1.indd 8 9/4/20 7:39 PM

Free download pdf