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o contexto que dá a cada um sua significação particular. Porque, nessa
fase, a significação, com poucas diferenças, é a mesma para todos, e o
confronto com a experiência própria do sujeito, por sua vez membro
de um grupo social, basta quase sempre para reconstitui·la. Os exem·
pios isolados e tomados de culturas muito diversas recebem mesmo, com
este uso, um valor suplementar, o de atestarem, com uma força tirada
do número e da surpresa, a presença do semelhante que se acha por
debaixo do diferente. Seu papel é sobretudo alimentar a impressão e
definir mepos as próprias verdades do que a atmosfera e a cor que as
impregnam' no momento em que surgem nas crenças, nos temores e de-
sejos dos 'homens.
Mas, à medida que a sintese progride e que se pretende atingir re-
lações mais complexas, este primeiro método deixa de ser legitimo. É
preciso limitar o número dos exemplos para aprofundar o sentido parti·
cular de cada um. Neste momento da demonstração, todo seu peso re-
pousa sobre um número muito pequeno de exemplos cuidadosamente
escolhidos. A generalização que se seguir permanecerá válida com a con·
dição dos exemplos serem típicos, isto é, de cada um deles permitir
realizar uma experiência que corresponda a todas as condições do pro-
blema, segundo a marcha do raciocínio permitir que sejam determina-
das. Assim é que o progresso de nossa argumentação, em todo este tra-
balho, é acompanhado por uma mudança de método. Partindo de uma
exposição sistemática, na qual exemplos ecléticos, escolhidos com a úni-
ca preocupação de seu valor evocativo, têm por função principal ilustrar
o raciocínio e levar o leitor a reviver em sua própria experiência situa-
ções do mesmo tipo, restringimos pouco a pouco nosso horizonte para
permitir aprofundar a pesquisa, de tal modo que nossa segunda parte
- excetuada a conclusão - apresenta·se quase como um grupo de três
monografias, dedicadas respectivamente à organização matrimonial do sul
da Ásia, da China e da índia. Estas explicações preliminares eram, sem
dúvida, necessárias para justificar o procedimento.
Este livro não poderia ter sido publicado sem o auxílio recebido, por
diversas formas, de pessoas e instituições. Primeiramente, a Fundação
Rockefeller, que nos deu os meios morais e materiais de empreendê·lo,
em seguida, a New School for Social Research, que nos permítiu escla-
recer e formular, graças à prática do ensino, algumas de nossas idéias,
e enfim todos os nossos mestres e colegas com os quais pudemos, em
contato pessoal ou por correspondência, verificar fatos e precisar hipó-
teses, ou que nos dispensaram encorajamentos. Contamos entre estes os
senhores Robert H. Lowie, A. L. Kroeber e Ralph Linton, o Dr. Paul Rivet,
Georges Davy, Maurice Leenhardt, Gabriel Le Bras, Alexandre Koyré,
Raymond de Saussure, Alfred Métraux e André Weil, que teve a genti-
leza de acrescentar um apêndice matemático à primeira parte. Agrade-
cemos a todos eles e muito particularmente a Roman Jakobson, cuja
insistência amiga constrangeu·nos quase a levar a termo um esforço cuja
inspiração teórica fica a dever-lhe ainda muito mais.
Ao dedicar nosso trabalho à memória de Lewis H. Morgan, fomos
guiados por um tríplice objetivo: prestar homenagem ao grande inicia-
dor de U\lla ordem de pesqUisas em que, seguindo suas pegadas, modes-
tamente nos empenhamos; inclinar-nos, através dele, diante dessa escola
antropológica norte-americana que fundou e que durante quatro anos nos
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