Claude Lévi-Strauss - As estruturas elementares do parentesco (1982, Editora Vozes) - libgen.lc

(Flamarion) #1

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teira gratidão à sra. Noele Imbert-Vier e à srta. Nicole Belmont que -
sobretudo a última - tiveram a bondade de se encarregar dessa tarefa.
Sem dúvida eram inevitáveis erros de fato em um trabalho que, con-
forme meu fichário documenta, exigiu o escrutinio de mais de sete mil
livros e artigos. Corrigi alguns desses erros que, na maioria das vezes,
tinham escapado aos meus censores. Em compensação, estes encamiça-
ram-se com gosto sobre passagens cujo sentido exato não podiam al-
cançar por falta de familiaridade com a língua francesa. Censuraram-
me, também, como errOs etnográficos, testemunhos provenientes de afa-
mados observadores que citava sem empregar aspas porque a referência
à fonte era dada logo após. Sem dúvida teriam sido recebidos com mais
atenção se não me fossem atribuídos.
Deixando de lado estas retificações de detalhes, não modifiquei subs-
tancialmente, nem desenvolvi o texto primitivo a não ser em três pontos,
tomando sempre o cuidado de colocar entre colchetes retos as novas
passagens, para assinalá-las à atenção do leitor.
Convinha, primeiramente, mesmO se eu próprio não fizesse, incluir
um estudo de conjunto sobre os sistemas de descendência chamados "bi-
laterais" ou "indiferenciados", mais numerosos do que se acreditava na
época em que escrevi meu livro, embora, por efeito de uma reação le-
gítima, tenha havido talvez demasiada pressa em incluir nesses novos
gêneros sistemas a respeito dos quais começamos agora a perceber que
poderiam reduzir-se a formas unilaterais.
Em segundo e terceiro lugares, refiz todo o exame dos sistemas
Mumgin (capítulo XII) e Katchin (capítulos XV-XVII). Apesar das cri-
ticas que me foram feitas e que devia refutar, julgo que as interpreta-
ções por mim propostas em 1949, sem serem definitivas, nada perderam
em validade_
Se deixei de modificar as secções H e IH da segunda parte, consa-
gradas à China e à índia, a razão é completamente diferente, a saber,
para atacar agora peças tão grandes não tenho mais nem a coragem nem
o apetite que seriam necessários. Por volta de 1945 os trabalhos sobre
os sistemas de parentesco da China e da índia eram relativamente pouco
numerosos. Podia-se sem demasiada presunção pretender abrangê-los to-
dos, fazer a síntese deles e extrair sua significação_ Hoje em dia isso
não é mais permitido, porque os sinólogos e os indianistas prosseguem
esses estudos apoiando-se em conhecimentos históricos e filosóficos que
um comparatismo apressado não tem condições de dominar. É claro que
as pesquisas magistrais de Louis Dumont e de sua escola sobre o paren-
tesco na índia tomaram de agora em diante este vasto conjunto um
terreno especializado. Resignei-me portanto a manter as secções sobre
a China e a índia, rogando ao leitor que as aceite como aquilo que são,
isto é, etapas ultrapassadas pelo progresso da etnologia, mas que os
competentes colegas que tiveram a amabilidade de as rever, antes desta
reedição - o próprio Louis Dumont e Alexandre Rygaloff -, com in-
dUlgência julgaram que ainda ofereciam algum interesse.
Sobre os problemas fundamentais tratados na introdução, muitos fa-
tos novos e a evolução do meu pensamento fazem com que não me ex-
primisse mais hoje em dia nos mesmos termos. Continuo a crer que a
proibição do incesto explica-se inteiramente por causas sociológicas, mas
é certo quI! tratei do aspecto genético de maneira excessivamente ligeira_

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