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preender ao mesmo tempo a identificação do pai do pai com o irmão
da mãe da mãe. A hipótese de Elkin em favor desta forma primitiva
do casamento entre os Arabana parece portanto exata, embora seja atu-
almente proibida.
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=0 A::O E6=0 11
p. d a m. f. da m. f. da m.
da m. do p.
+: pai do pai, e irmão da mãe da mãe.
Figura 37
Os Aluridja utilizam, para regulamentar os casamentos, dois termos
recíprocos. tanamildjan e nganandaga, sendo o primeiro empregado entre
membros da mesma geração e também entre um indivíduo e os mem-
bros da geração de seu avô, de um lado, e os membros da geração de
seu neto, do outro. O segundo termo é recíproco entre membros de
duas gerações consecutivas em ordem ascendente ou descendente (isto
é, entre um homem e seu pai ou entre um homem e seu filho). As ge-
rações alternadas grupam-se em conjunto em "linhas". e a regra do ca-
samento é que os dois cônjuges devem pertencer à mesma "linha",'7
Um sistema análogo existe entre cs Aranda septentrionais.'~ Um outro
foi observado por Bateson na Nova Guiné. ,,, Seria útil compará-Ias to-
dos com a classificação das gerações alternadas em nanandaga (avô;
Ego; neto) e tanamildzan (pai; filho), no oeste da Austrália meridional.
Não somente um homem só se casa com uma mulher nanandaga, mas
a alternância das gerações forma a base do ritual e das prestações
recíprocas .• 11
Os Aluridja do sul praticam, pelo menos excepcionalmente, o casa-
mento com a filha da irmã do pai. Este uso pode ter sido outrora ge·
ral, conforme é sugerido pelo fato de em nenhum caso se aceitar a
identificação do irmão da mãe com o pai da mulher. Os Valpi também
conhecem o casamento patrilateral. n Elkin considera essas ocorrências
como anonlalias. Contudo, se consultarmos a Figura 37 que ilustra esta
forma de casamento, verificaremos que o tratamento Aluridja das linhas
corresponde exatamente à estrutura do casamento patrilateral. Em um
sistema de casamento com a filha da irmã do pai uma geração em
cada duas, com efeito, casa-se em um sentido, e uma geração em cada
duas no outro sentido. Isto é, um indivíduo, sem subverter o sistema,
pode escolher mulher em sua geração ou na de seu avô ou na de seu
- A. P. Elkin, Kinship in South Australia, op. cit., Oceania, voI. lO, p. 213·214;
Sections and Kinship in Some Desert Tribes ... , op. cit., 23, n. 5. - A. P. Elkin, Kinship in South Australia. Ibm., p. 200-201.
- G. Bateson, Social Structure of the Iatmül People of the Sepik River. Oceania,
vaI. 2, 1932. - A. P. Elkin, The Social Organization. , op. cit., p. 67.
- A. P. Elkin, Kinship in Sauth Australia, op. cit., Oceania, vOI. 10, p. 380-381.
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