peito das quais tenho certeza de que estes casamentos são permitidos
são as do aglomerado Kariera. Todas as outras tribos sobre as quais
possuímos um conhecimento inteiramente adequado evitam estes casamen_
tos próximos, mas procedem de maneiras diferentes. Os Karadjeri, Yir·
Yoront e Murngin proíbem o casamento com a filha de qualquer "irmã
do pai", e como o casamento preferencial é com a filha do irmão da
mãe segue·se que estas tribos não podem pratica~ a troca de irmãs. H á
um certo número de tribos que proibem o casamento com a filha de
uma "irmã próxima do pai" e também com a filha de um "próximo"
irmão da mãe, mas permitem o casamento com a filha de parentes distan·
tes desses tipos e podem portanto realizar a troca de irmãs. São exem·
pios disso os Kukata (que não têm metades ou classes exceto divisões
endógamas de geração), os Ompela (metades patrilineares), os Kumbain·
geri (quatro "classes") e os Murimbata.· Este tipo de casamento é também
naturalmente proibido em tribos que possuem um sistema de casamen·
to entre primos em segundo grau (tipo de casamento Aranda). É imo
portante observar que na tribo Aranda há objeção ao casamento de um
homem com a filha do filho de uma "irmã do pai do pai" de seu pró·
prio clã (grupo local), embora o casamento padrão seja com a filha do
filho da "irmã do pai do pai" (Aranga).
Não considero aceitável a proposição da srta. M cConnel sobre os
Kandju. Em parte alguma da Austrália existe exemplo autêntico de ca·
samento de primos patrilaterais, significando com isso um sistema no
qual um homem se casa com a filha de uma irmã do pai mas não pode
se casar com a filha de um irmão da mãe, própria ou classificatória.
Isto lhe dará uma ligeira idéia do que poderia escrever a respeito
do assunto. Só 'me preocupo com aquilo que os sistemas australianos
realmente são e com o modo como funcionam. não estando interessado
na origem e desenvolvimento de tais sistemas. Se desejasse propor uma
hipótese histórica, esta se relacionaria com as diferentes maneiras pelas
quais diversas tribos australianas criaram sistemas que evitam o casa-
mento de um homem com a filha de uma mulher (irmã do pai) de seu
próprio clã patrilinear local. É possível encontrar na Melanésia (New Ire·
land, Ambrym, etc.) métodos de proceder dessa maneira que não foram
usados na Austrália.
Gostaria muito de ver sua comunicação à reunião de Nova Iorque.
Seria possível enviar-me uma cópia? Apreciaria grandemente este gesto,
uma vez que não posso estar presente à reunião.
Com minhas cordiais saudações,
subscrevo-me atenciosamente
A. R. Radcliffe-Brown
P. S. - A chave do' sistema Wik·Mukan parece situar·se no costume
em virtude do qual um homem tem uma designada mãe da mãe da
mulher, que será uma "irmã" da mãe do pai, evitando deste modo o
casamento com a filha da "irmã do pai", própria ou próxima (pinya).
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