Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

Eu ia falar: “Atenção, Fortaleza, não está na hora de flexibilizar, os
números de vocês estão crescendo, como vocês vão flexibilizar?”. Aleluia
ouviu aquilo e disse, com seu sotaque baiano: “Não, não faça isso, não. Ligue
para ele. Por que você vai fazer isso amanhã? Ligue para ele, converse com
ele. Se mostre disposto a conversar. Não é bom comprar essa briga”.
Pensei melhor e resolvi seguir o conselho. Liguei para o Camilo Santana e
perguntei como estavam as coisas por lá, debati com ele sobre a
flexibilização e ele recuou no decreto que determinava a reabertura do
comércio. Então, não comprei a briga. Consegui o resultado que eu queria
sem desgaste nenhum. Isso graças ao Aleluia.
Baiano, o Aleluia cresceu politicamente no chamado “carlismo”, a corrente
comandada pelo senador Antônio Carlos Magalhães, um dos expoentes do
PFL (Partido da Frente Liberal) que hoje se chama DEM (Democratas). No
ministério, ele chegava ao meu gabinete bem cedo, antes de mim. Eu abria a
porta e ele já estava ali, me esperando para conversarmos. Ele dizia sempre:
ligue para o deputado tal, ele está precisando de atenção. Receba o senador
tal.
Conheço o Aleluia porque, quando me elegi deputado federal, em 2010,
ele havia disputado o Senado, mas não ganhou. Então ele ficou entre 2011 e
2014 sem mandato. Como era um cara muito querido no DEM, o colocaram
como presidente do Instituto Liberdade e Cidadania. Todo partido político no
Brasil é obrigado a ter uma fundação que recebe trinta por cento do fundo
partidário com o objetivo de discutir políticas públicas, apoio à democracia,
projetos, formação política, enfim, no papel é uma entidade extremamente
nobre. O PT tem a Fundação Perseu Abramo, o PSDB tem a Fundação
Teotônio Vilela, o MDB tem a Fundação Ulysses Guimarães. A dos
Democratas não leva o nome de ninguém, chama-se Liberdade e Cidadania.

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