Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

apoio da esquerda no segundo turno — afinal, a esquerda não apoiaria
ninguém de fora do seu campo político na primeira fase da eleição. Se ele
tivesse o apoio da esquerda, somando aquele colégio, e levasse a eleição para
o segundo turno, ele poderia ganhar do centrão. O centrão ficaria concentrado
nos seus votos e ele ganharia. O Aleluia gostou da ideia, saiu pensando
aquilo, testou se tinha eco aqui, acolá. Mas o Rodrigo Maia escutou a análise
e foi na frente. Fechou acordo com o Orlando Silva no PCdoB, fechou acordo
com o PT para que o partido votasse com o Orlando no primeiro turno e com
ele no segundo. Havia quatro candidatos e não tinha como a eleição ser
definida de primeira.
Rodrigo Maia e Rogério Rosso foram para o segundo turno, e o PT e o
PCdoB votaram no Rodrigo Maia. Somados aos votos do PSDB e do MDB, ele
foi eleito presidente da Câmara. Todo mundo sabia que o PT fazia o discurso
de independência, de que não gostava do DEM, mas estava tudo acertado e
derrotamos o centrão com a ajuda da esquerda.
Se o Aleluia tivesse o cuidado de ter construído um acordo com o PT e o
PCdoB antes do Rodrigo Maia, teria sido ele o presidente da Câmara.
Quando o Aleluia disputou para deputado federal e não venceu a eleição,
em 2018, ficou mais uma vez sem cargo. Eu, naquele ano, não quis
concorrer, não queria mais a vida pública. Mas o Aleluia não, ele é um cara
que está no Congresso há muito tempo, a vida dele é fazer política. Então fui
convidado para o Ministério da Saúde e minha vontade era levá-lo, junto com
o ex-senador Heráclito Fortes, para trabalhar comigo. Acabei levando só o
Aleluia. Informalmente, Heráclito ainda me dava opiniões e fazia análises.
Aleluia é uma pessoa de bem com a vida. Ele é tão habilidoso que
conseguiu ser meu assessor no Ministério da Saúde e ser indicado como
conselheiro da Itaipu Binacional, um cargo muito disputado.

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