contratos que já haviam sido firmados. Para desfazer essa confusão, era
preciso alguém em território chinês que conhecesse a logística e a burocracia
chinesas. Alguém que pudesse negociar, pagar, receber, certificar e embarcar
esses materiais para o Brasil. A Vale fez isso, eles tinham pessoal qualificado
e que conhecia todo o trâmite. Sem ela não conseguiríamos os 10 milhões de
testes (5 milhões de testes rápidos e 5 milhões de RT-PCR), assim como os
equipamentos de proteção individual que havíamos encomendado. O
combinado era que, quando esses insumos chegassem à Vale, o ministério
comprasse deles. Mas eles doaram todo o material, e essa ação da Vale puxou
outras indústrias e empresas nacionais, em um movimento de solidariedade
ímpar. Não era solidariedade ao governo, mas sim ao SUS, ao povo brasileiro.
Todas as noites, encerrávamos o expediente na casa do Lupion. Ele
preparava o jantar para todo mundo. Saíamos dez, onze horas do ministério e
íamos para lá. Lembro quando isso começou: havíamos tido um dia
especialmente duro e invadiríamos a noite trabalhando no ministério.
Sabendo disso, ele mandou fazer uma sopa. Chegou ao ministério com esse
sopão para todo mundo. Ali ele conquistou a equipe, que passou a frequentar
esses jantares na casa dele. Os restaurantes estavam fechados, a maior parte
das pessoas morava sozinha, então era lá que a gente se reunia para baixar a
adrenalina.
Formei uma equipe maravilhosa, isso posso dizer. E provocava suas
competências até o limite. Eu era muito duro, exigente, mas eles davam
conta. Cristina Nachif, para mim a cara do SUS, minha assessora especial
Gabriella Rocha... são tantos nomes. Os nossos advogados Juliana Freitas e
Ciro Miranda, por exemplo, olhavam toda a documentação. Tudo o que foi
feito passou pelo crivo deles. Juliana fora advogada-geral da Câmara, então
tinha um enorme entendimento de direito público, e Ciro vinha da
Advocacia-Geral da União (AGU). Eles iam comigo para todos os lugares,
antfer
(Antfer)
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