Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

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O meu canal de contato com a presidência sempre foi o Ministério da Casa
Civil. No início, o titular da pasta era o Onyx Lorenzoni, meu colega de
partido. Depois, quando Onyx foi realocado no Ministério da Cidadania,
aproximei-me do Walter Braga Netto, seu sucessor.
Braga Netto chegou durante a pandemia (assumiu no dia 18 de fevereiro),
tentando montar um gabinete. Portanto, a Casa Civil ainda não tinha
condições de ter a dimensão real do problema do novo coronavírus, e
Bolsonaro não ouvia os técnicos, era assessorado pelos irmãos Abraham e
Arthur Weintraub (assessor especial da Presidência) e pelos filhos,
principalmente o Carlos, que se mudou para o Planalto e levou com ele vários
assessores. O termo “gabinete do ódio”, que circula bastante pela imprensa,
não era usado dentro do Planalto, mas é basicamente formado por essas
pessoas que gravitam em torno do Carlos, e que não usam a expressão para se
referirem a si mesmas. Elas não interagem com ninguém além do presidente e
de seus filhos, mas observam tudo, estão sempre presentes. A principal sala
da Presidência virou o escritório dessa turma. Quem entrasse ali para falar
com o Bolsonaro certamente se depararia com cinco ou seis deles.
Para mim, estava muito claro que qualquer conversa um pouco mais séria
não tinha espaço para prosperar, mas eu precisava dividir com o presidente os
estudos que tínhamos em mãos. Os números me serviam de base para

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