recomendar os planos do Ministério da Saúde, e mostravam cenários
alarmantes caso medidas de prevenção ao novo vírus não fossem adotadas.
Eu queria que ficasse registrado que eu passara todos os dados para o
presidente, que ele conhecia a gravidade da situação.
Trabalhávamos então com três possíveis conjunturas. Um dos cenários,
elaborado pelo médico Júlio Croda, diretor do Departamento de Imunizações
e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, previa 180 mil mortes
caso o país não adotasse as medidas necessárias de distanciamento social e
padrões rígidos de higiene e proteção. Tínhamos também o cenário do
Wanderson, que trabalhava com a hipótese de haver entre 60 mil e 80 mil
óbitos no Brasil durante a pandemia, e que levava em conta que o governo
iria trabalhar direito: preparar, isolar bem, proteger os idosos, aumentar o
número de UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo) e de leitos, conseguir
abastecer a rede toda. E, por fim, mostrei a estimativa feita pelo secretário-
executivo do ministério, João Gabbardo, que naquele momento falava em 30
mil óbitos. Este último cenário eu sempre achei otimista demais.
Resolvi que o caminho era procurar o Braga Netto. Ele prontamente
concordou em me receber. Fizemos uma reunião na Casa Civil na sexta-feira
à tarde, dia 27 de março, em que estávamos eu, o meu assessor Renato
Strauss, o ministro Sergio Moro e mais duas secretárias do Braga Netto.
Fizemos a apresentação sobre os três cenários possíveis, com mostras da
situação estado por estado, o número de vagas que seria necessário abrir, o
impacto financeiro, o perigo das mortes por desassistência. Já estávamos ali
preocupados com Manaus, por exemplo, que tem um sistema de saúde
limitado.^1 A apresentação desses números foi feita em uma TV na sala de
reunião da Casa Civil. O Braga Netto assistiu a tudo com cara de espanto.
Naquele momento, o Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania e um dos
influenciadores do presidente, falava publicamente que já sabia como o vírus
antfer
(Antfer)
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