respondeu que era para mandar os regulamentos às favas e ordenou que eu
não publicasse nada daquilo.
Ao final da reunião, depois de eu ter ficado por uma hora e meia
oferecendo todos os elementos que provavam a gravidade do problema, ele
mostrou que não estava nem um pouco convencido. Ali, ele assumiu a
negação absoluta, e apelei: “Por favor, presidente, se o senhor quer mexer
com a economia, então vamos abastecer os hospitais. Eu me comprometo a
apresentar na reunião de ministros as condições com as quais a gente pode
liberar qualquer mobilidade da população, em que cenário o Brasil pode
recomeçar a reabrir. Uma abertura gradual”.
Ele rebateu dizendo que havia lugares que não tinham nenhum caso e que
estavam em lockdown. De fato, algumas cidades erravam por excesso. Mas,
se o foco era a economia, ele tinha que saber que os três estados mais ricos,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, correspondem a cinquenta por
cento do PIB. E nesses estados moram 85 milhões de pessoas, quase a metade
da população do país. Então, se esses três estados voltassem às atividades de
maneira irrestrita, os números de casos iriam explodir. E exatamente nos
centros culturais, econômicos e turísticos do país. Seríamos tratados como
um pária mundial. Esse seria o efeito de ir pelo caminho que ele queria.
Mas Bolsonaro se fechou nessa questão da economia. Insisti mais uma vez:
“Por favor, se o senhor puder, deixe a gente trabalhar um pouco. Eu trarei
para as reuniões as condicionantes”.
Eu precisava de tempo para me organizar com os governadores, até para
conseguir ajudar na economia. Fiz um apelo para que o presidente criasse um
ambiente favorável a um pacto entre União, estados, municípios e setor
privado para que todos pudessem agir juntos, seguindo regras e medidas de
acordo com critérios científicos. Sugeri, inclusive, a criação de uma central
de equipamentos e de pessoal, para possibilitar o remanejamento de leitos,
antfer
(Antfer)
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