Foi uma reunião muito dura. E eu disse a ele que, no meu estado, se uma
pessoa diz “sua hora vai chegar”, significa ameaça de morte. O curioso é que
ele me observou dizendo tudo isso quase como um lutador que foi
nocauteado em pé. Ele ficou sem reação. Então o Braga interveio: “Vamos
acabar essa reunião”.
Eu estava saindo da sala quando os cinco ministros militares (Walter Braga
Netto, Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno, Bento Albuquerque e
Fernando Azevedo) e o vice Hamilton Mourão me cercaram. Eu ainda não
tinha passado pela porta quando falaram: “Você não sai do governo. Calma,
já falamos com ele. Você precisa ir agora conversar com o presidente, não é
assim”.
Eu olhei para o Mourão e disse: “Isso vai contra os meus princípios e os
seus também”.
Ele me encarou espantado e continuei: “Porque está tudo justo e perfeito e
entre colunas”.
Esse é um lema da maçonaria. E há uma série de valores maçônicos que
dizem que quando você presencia uma situação de injustiça, de deslealdade,
você é obrigado, como maçom, a se posicionar. Porque a maçonaria é um
local de filosofia, onde você busca atitudes virtuosas, melhorar como ser
humano, ou pelo menos é para isso que ela se presta. Ele não respondeu, mas
entendeu.
Ainda na porta, Ramos me puxou de lado e disse que a frase “seu dia vai
chegar” não era para mim, mas para o Sergio Moro, outro que havia entrado
em rota de conflito com Bolsonaro por causa da tentativa de o presidente de
interferir em nomeações na Polícia Federal. A posição de Moro de ministro
intocável, que abrilhantava o governo com sua trajetória contra a corrupção,
enfrentava a resistência do presidente. A biografia do Moro incomodava, pois
o presidente queria mais autonomia e mais ingerência no Ministério da
antfer
(Antfer)
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