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Estavam reunidos ali os médicos Nise Yamagushi e Luciano Dias Azevedo,
ambos defensores da cloroquina, e mais umas oito ou dez pessoas — o Barra
Torres, presidente da Anvisa, a Ana Carolina Rios, da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), o André Mendonça da AGU, o Wagner Rosário,
ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), o Jorge Oliveira, ministro-
chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o ministro Augusto
Heleno, o Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações,
entre outros. Ou seja, não era uma reunião informal. Provavelmente vinha de
conversas que o presidente já mantinha com o grupo.
Cheguei extremamente incomodado. A pauta era a cloroquina e notei que
já haviam providenciado o texto de uma sugestão de decreto. O Bolsonaro
queria mudar a bula do remédio para incluir a covid-19. Enquanto eles
falavam, eu rapidamente passei a vista no documento e vi que estavam
pensando em baixar o uso da cloroquina por decreto presidencial. Um risco
grande para a própria presidência. A médica explicou que, na visão dela, a
bula do remédio deveria ser mudada pela Anvisa. Aquele decreto seria uma
espécie de protocolo do governo, orientando o uso do medicamento.
Nesse ponto, a Anvisa é muito rigorosa, não pode mudar uma bula assim.
Então estavam pensando num decreto presidencial, já que o Ministério da
Saúde não tinha elementos para propor isso para a Comissão Nacional de