Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

demitido na reunião ministerial. A exoneração não aconteceu, mas o rumo
realmente estava errado e não havia mais clima para permanecer no governo.
Fiz uma fala rápida para minha equipe, que me recebeu com palmas, e
segui direto para a coletiva no Emílio Ribas. O “vai ou fica” no cargo já havia
colocado meu nome no ranking dos mais citados no Twitter, e, antes que a
entrevista começasse, eu disse: “Hora de trabalhar, por favor, já falei, lavoro,
lavoro, lavoro”.
Ao contrário do que muitos pensam, eu não preparava minhas falas com
antecedência. Aprendi a me comunicar bem desde os tempos de colégio sob o
Sistema Preventivo de Dom Bosco. Minha turma participou de uma
experiência construtivista e meu professor, padre Valter, foi quem me
apresentou à leitura, hábito que carrego para a vida toda. Ou seja, quando
veio toda essa exposição, eu tinha muito repertório de leitura, estava
preparado.
Se você pegar o vídeo dessa coletiva, verá que passei várias mensagens.
Sei que uma boa comunicação é condição fundamental para se atravessar
qualquer crise, e essa foi a maneira que achei de dar respostas que não podia
dar de modo frontal, direto. Então, nesse dia, ao citar Platão, a canção do
Almir Sater etc., foi tudo de propósito.
As principais mensagens dessa coletiva têm a ver com algumas questões.
A primeira é a liderança. Se você comparar meu discurso com as declarações
feitas pelo Bolsonaro na véspera, fica patente a diferença entre um chefe e um
líder. O chefe dá ordens e exige demonstrações públicas de submissão de
seus subordinados, porque na verdade é um inseguro, precisa disso para ter a
ilusão de que está acima de todos. O líder reconhece seus funcionários, não
tem medo de perder sua autoridade. Por isso abri o discurso agradecendo e
falando da minha equipe, dividindo o trabalho no ministério com todos

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