Eu realmente não tinha outro objetivo além da conciliação. Foi uma
conversa boa.
Ele disse: “Pois é, Mandetta, mas e esse negócio da cloroquina?”.
Respondi: “Presidente, esse negócio da cloroquina é uma aventura. A
gente não pode colocar a digital do governo nisso, porque não tem nada
provado sobre a eficácia desse medicamento. Se lá na frente a ciência falar
que o remédio não serve, o gasto que o senhor determinou vai ser colocado
como improbidade. E se as pesquisas falarem que a cloroquina, além de não
ter eficácia, causa a morte de dez por cento a mais de pacientes? Vai ser
péssimo. Deixa isso como está. Nós já autorizamos a cloroquina para o
tratamento de pacientes graves, para o paciente hospitalar. Quem está indo
para o hospital está usando. O médico que quiser prescrever na ponta que
prescreva, que assuma o risco com o paciente”.
“E o remédio é muito barato, fácil de fabricar, o mercado vai dar conta de
abastecer, se for o caso. A cloroquina é uma coisa que tem mais de cem anos,
não tem patente, não tem nada. A Fiocruz produz, tem genérico. Não
esquenta a cabeça com isso, não. É melhor assim. Quando sair algum artigo
dizendo que a cloroquina é eficiente, aí o senhor põe a digital do governo. Eu
acho isso melhor. Porque, hoje, na mesma situação da cloroquina, estão a
ivermectina e outras cinco ou seis drogas que estão sendo testadas.”
E continuei: “A ivermectina é aquele remédio para tratamento e controle
de parasitas para o gado, de uso pecuário. Tem gente tomando. Por que o
senhor não indica esse remédio como faz com a cloroquina?”.
O Bolsonaro e os filhos têm uma encanação com esse negócio de gado,
porque os apoiadores do presidente são chamados assim pelos adversários.
Não falei de propósito, só depois me caiu a ficha de que aquilo poderia ter
soado como uma provocação.
Ele só respondeu: “Esse aí não”.
antfer
(Antfer)
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