O encontro da manhã não aconteceu porque o presidente tinha apontado na
sua agenda que teria um compromisso externo. De tarde, às quatro e meia, fui
até a sala dele e vi o Braga Netto na entrada do gabinete presidencial. A porta
estava aberta e atrás do Braga Netto vinha o Arthur Weintraub, assessor
especial da Presidência da República e irmão do ministro da Educação.
Arthur olhou para mim e bateu a porta na minha cara com toda força. Eu e
Braga Netto trocamos um olhar de surpresa. Eu disse ao ministro da Casa
Civil que iria para a coletiva e perguntei se, diante daquela cena, eu ainda
deveria falar com o presidente. Braga disse que sim, que era importante eu
entrar para falar com Bolsonaro. Fiz o que ele sugeriu.
Quando entrei, já estavam na sala os três filhos de Bolsonaro e o Arthur
Weintraub. Cumprimentei a todos e disse: “Presidente, queria aproveitar que
o Eduardo Bolsonaro está aqui e dizer que estou mantendo contato telefônico
com o embaixador da China, porque eu preciso trazer equipamentos e
materiais que estão parados lá e não será brigando com o sujeito que eu vou
conseguir isso. A China pode ser indiferente a nós, ela pode nos ajudar ou
não ajudar. E se ela não ajudar, será uma catástrofe. Que então seja pelo
menos indiferente. Eu não consigo tirar nada deles, as compras estão caindo
uma atrás da outra”.
O Eduardo começou a falar mal do embaixador chinês. De novo batendo
na tecla de que o homem tinha a missão de fazer a esquerda voltar ao poder
no Brasil, que havia desestabilizado a direita no Chile e na Argentina.
Respondi ao Eduardo que se ele conseguisse os produtos de que eu precisava
com os Estados Unidos, que ele dizia serem seus aliados, não precisaria
costurar nada com o embaixador chinês.
“Se você conseguir pelo menos 2 mil respiradores com os Estados Unidos
ou qualquer outro país, eu não precisarei falar com a China. Agora, eu
preciso resolver esse assunto.”
antfer
(Antfer)
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