Eduardo não deu resposta.
Para piorar o clima, a TV estava sintonizada na CNN, que repercutia a
conversa vazada do Onyx Lorenzoni com o Osmar Terra. O Onyx já tinha me
ligado para falar do assunto. Eu disse que eles poderiam ficar tranquilos que
eu não tinha ido ali para tratar daquele tema. Perguntei se Bolsonaro tinha
alguma orientação para a coletiva de imprensa, ele disse que não tinha nada.
Falou só que comeria um sonho na padaria. Todos riram. Não entendi por que
razão ele me falou que iria para uma padaria comer sonho, então fui embora
dali para a coletiva.
Quando cheguei na sala onde seria a entrevista, o Braga veio na minha
direção e me disse que a ordem do presidente era para eu cancelar a coletiva.
Falei que alguém teria que dar os números e ele sugeriu que o Wanderson
Oliveira falasse sozinho com os jornalistas. A justificativa era a repercussão
do diálogo entre Osmar Terra e Onyx Lorenzoni.
Enquanto isso, Bolsonaro saiu do Palácio e foi até uma padaria que fica
justamente a duas quadras da minha casa. Era o mesmo estabelecimento
aonde eu tinha ido com a minha mulher comprar pão no domingo anterior. A
Terezinha entrou no local e fiquei do lado de fora, depois fomos para casa.
Não havia nenhum nexo o Bolsonaro ter ido justamente naquela padaria
comer sonho. Ele não mora ali perto, nunca frequentou aquele
estabelecimento.
Entendi, então, o motivo daquela visita: se eu reclamasse que o Presidente
estava saindo e causando aglomeração, apareceria em seguida uma foto ou
vídeo meu no mesmo local. No dia em que a Terezinha foi comprar pão ali,
algumas pessoas me abordaram para pedir para tirar fotos e eu concordei. Eu
também tinha entrado numa loja para comprar chá e mel. Isso me fez
acreditar que eu estava sendo monitorado e seguido pelo serviço de
informação do presidente. Ou então que o pessoal do Bolsonaro já tinha
antfer
(Antfer)
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