o Onyx da relatoria. A ideia era colocar outra pessoa no lugar e apresentar um
novo relatório.
Seria péssimo para o Democratas, e fiquei de conversar com o Onyx.
Saí da sala do Democratas, que fica perto da Presidência da Câmara, e fui
até o gabinete do Onyx, no anexo 4. Quando cheguei ele estava na sala de
reunião com seus assessores. Perguntei o que estava acontecendo e me
propus a ajudá-lo, a modular a lei para que ficasse um texto possível de ser
aprovado. O Onyx estava muito nervoso e tinha desistido de negociar os
artigos. Reclamou comigo da postura de seus correligionários, que ele
acreditava estarem tentando prejudicá-lo. Eu disse que precisava haver um
acerto, porque senão iam tirá-lo da relatoria. Foi quando ele tirou o celular do
bolso e me disse: “Ouve isso”.
Era a gravação de tudo o que fora dito na reunião do dia anterior na casa
do Rodrigo Maia. Quando eu ouvi, tomei um susto. A gravação mostrava os
deputados reclamando do projeto, dizendo que iriam ser prejudicados pelas
novas leis, falando mal da Lava Jato. “Quero ver eles aguentarem a mídia em
cima deles”, Onyx comentou. Na verdade, não havia nenhum crime ali, mas
era uma conversa dura, com impropérios contra os membros do Ministério
Público. O Poder Judiciário e o Ministério Público tinham muita força
naquele momento, e o Legislativo estava sob pressão. Todos ali queriam
achar a melhor redação para as dez medidas e resolver o impasse, e aquela
gravação só iria tornar o processo mais penoso.
“Você gravou escondido a reunião?”, perguntei.
Ele respondeu que havia gravado sem querer.
Eu estava perplexo. Isso no meio político é pecado mortal. Quem faz isso
nunca mais é chamado para nenhum tipo de conversa em lugar nenhum. Você
perde as condições mínimas de credibilidade para sentar-se à mesa. Não tem
saída, vira um pária, todo mundo fecha a porta. Nem no maior delírio um
antfer
(Antfer)
#1