Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

Fiz questão que ficasse combinado que iríamos evitar aglomerações.
Perguntei como seria o cerimonial da visitação, e o Tarcísio me informou que
a população ficaria separada das autoridades, que estava tudo organizado.
Meu plano era sair do hospital de campanha e ir direto para Goiânia, passar
o feriado de Páscoa com o Caiado. Combinei que a Terezinha iria para Águas
Lindas de carro, com um motorista particular, me esperaria, e quando a
comitiva voltasse para Brasília, eu e ela seguiríamos para a fazenda do
Caiado.
No sábado de manhã, dia 11, fui para o Palácio da Alvorada vestindo meu
colete do SUS, que passara a ser o meu uniforme. O general Luiz Eduardo
Ramos me perguntou se eu não tinha um colete extra para o presidente. Ora,
o colete havia se tornado uma marca do Ministério da Saúde na pandemia, eu
não queria que o Bolsonaro o usasse. Ele não estava ajudando o SUS, ele não
entendia o que a gente estava passando. Falei que só tinha o meu, e já estava
vestido com ele. O Bolsonaro então pegou um colete feito para ele com o
símbolo da Anvisa.
O presidente estava visivelmente desconfortável com aquela visita com o
ministro da Saúde, no território do governador que o enfrentara
publicamente. Quando entrou no helicóptero da Marinha, pediram que eu
entrasse na mesma aeronave e me sentasse no banco de frente para ele.
Durante os quinze minutos de voo ele não trocou uma palavra comigo. Só
quando começamos a sobrevoar o local foi que ele falou: “Olha o pessoal
ali”. Era um grupo de pessoas que se aglomerava nos arredores do hospital de
campanha. Nitidamente, ele tinha encontrado o que queria. Animou-se, soltou
o cinto de segurança antes do pouso e começou a dizer que pararíamos para
falar com as pessoas. Olhei para o Braga Netto e o Tarcísio e disse que não
era uma boa ideia. Ele insistiu e falei que não iria. A visita não tinha nem

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