Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

negócios e empregos. Nas Américas só há NB4 no Canadá e nos Estados
Unidos. Com a pandemia, ficou evidente que é necessário termos esse tipo de
laboratório.
Durante a preparação do projeto, o Ministério da Defesa tinha indicado um
general reformado para trabalhar nesse NB4, e foi ele o designado pelos
militares para tratar da quarentena de quem vinha de Wuhan.
Havia duas opções de local para receber os resgatados: uma base aérea em
Florianópolis e outra em Anápolis. A de Florianópolis era uma base da
Aeronáutica desativada. Do ponto de vista da segurança nacional, para que o
vírus não se espalhasse pelo centro de poder do país, era mais cauteloso fazer
em Florianópolis, que fica distante da capital federal. Anápolis está a 150
quilômetros de Brasília e é a base que oferece proteção ao centro de decisões
do país. Colocar na região pessoas que representavam risco biológico de
transmissão poderia resultar na paralisação do principal centro da Força
Aérea Brasileira. Mas pesou a questão do protagonismo, já que os militares
poderiam frequentar o local, aparecendo como comandantes da operação.
“Anápolis é do lado de Brasília, se precisar de alguma coisa a gente leva
para o hospital das Forças Armadas, deixa um helicóptero com uma maca e
um filtro hepa (separador de partículas), lá tem um hotel de trânsito que a
gente esvazia e cerca. É longe”, disse o general.
Como ainda achávamos que fosse um vírus pesado, concordei em fazer a
base em Anápolis. O passo seguinte foi comunicar e pedir o apoio do
governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e do prefeito de Anápolis, Roberto
Naves, pois receberiam pessoas oriundas de Wuhan e não havia qualquer
goiano entre os 38 brasileiros. Goiás sofre até hoje a repercussão do acidente
com o césio-137, em 1987. Há um medo latente, rapidamente expresso nas
publicações da imprensa local e em falas dos opositores do governador. Mas
Caiado foi muito firme. Prontamente concordou em recebê-los.

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