Rondônia, um caso pitoresco envolveu dois passageiros num carro de
aplicativo. Uma pessoa pegou um Uber compartilhado, desses que se divide
com um passageiro desconhecido para rachar a conta. Quando entrou no
carro, havia um ocupante de origem asiática lá dentro, que espirrou ou tossiu
perto dela. Assustada, a pessoa pediu para desembarcar e foi direto a uma
unidade de saúde, dizendo que tinha tido contato com um chinês e por isso
poderia estar infectada com o novo coronavírus. Seguiu-se uma corrida em
Rondônia para achar o tal chinês. Trataram o caso como suspeito, porém,
mais uma vez, era alarme falso. De todo modo, a polêmica foi tamanha que o
secretário de Saúde do estado teve que ir a público para acalmar os ânimos.
Esse é só um exemplo do grau de paranoia que se instalou naqueles dias.
Para tentar diminuir o problema, gravei um vídeo condenando o preconceito,
falando que a China enfrentava com enorme coragem uma situação difícil e
que a gente não podia adotar um comportamento intolerante. No vídeo,
explico que o Brasil tem um dos maiores rebanhos suíno e bovino do mundo
e que poderia surgir um vírus novo aqui também, e que não gostaríamos de
receber tratamento igual ao que estava sendo dado aos chineses.
O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, mandou o vídeo para a
China e depois me agradeceu pessoalmente pelo fato de eu ter chamado a
atenção para os esforços que estavam empreendendo e frisar que atitudes
preconceituosas eram descabidas. E essa sinalização era mesmo necessária,
pois o preconceito ganhava força. No Sul, numa cidade do polo calçadista, há
uma feira do setor aonde muitos chineses vão comprar e vender sapatos. Os
organizadores tinham decidido proibir a presença deles no evento, e tivemos
de intervir para contornar o problema.
O pano de fundo foi a declaração do presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, classificando o novo coronavírus como “vírus chinês”. Foi ali
que começou a briga diplomática para que não se usasse o nome do país
antfer
(Antfer)
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